quinta-feira, 17 de maio de 2012

(TODOS OS) DIAS DAS MÃES

Boa noite, meus amigos,

Fazendo uma pausa em nossa peregrinação Beatlemaníaca, vamos falar um pouco sobre o tal "dia das mães" (OU, DIA DISTO OU DAQUILO).

Já conversamos outrora, sobre estas datas "festivas" que o sistema em que vivemos arranja para dar um "up" no comércio. Assim temos o "dia dos pais", "das mães", "dos namorados" (que se avizinha, pelo menos aqui no Brasil) e assim por diante.

Muito bem. Trago-lhes, no entanto, uma mensagem de um companheiro espiritual, para que possamos refletir seriamente em nosso papel de pais. Prestem atenção e uma ótima semana.

Att,

Alex.


RESPOSTA DO ALÉM

         Minha irmã: Valho-me do “correio do outro mundo” para responder à sua carta, cheia da sensibilidade do seu coração de mulher.

         Pede-me a senhora o concurso de espírito desencarnado para a solução de problemas domésticos no setor de educação aos filhinhos que Deus lhe confiou. Conforta-me, sobremaneira, a sua generosidade; entretanto, minha amiga, a opinião dos mortos, esclarecidos na realidade que lhes constitui o novo ambiente, será sempre muito diversa do conceito geral.

         A verdade que o túmulo nos fornece renova quase todos os preceitos do conceito geral.

         Aí no mundo, entrajados no velho manto das fantasias, raros pais conseguem fugir à cegueira do sangue. De orientadores positivos, que deveríamos ser, passamos à condição de servidores menos dignos dos filhos que a Providência nos entrega, por algum tempo, ao carinho e ao cuidado.

         Na Europa, trabalhada pelo sofrimento, existem coletividades que já se acautelam contra os perigos da inconsciência da educação infantil entre mimos e caprichos satisfeitos. Conhecemos, por exemplo, um rifão inglês que recomenda:  - “poupa a vara e estraga a criança”. Mas, na América, geralmente, poupamos os defeitos da criança, para que o jovem nos deite a vara logo que possa vestir-se sem nós. Naturalmente que os britânicos não são pais desnaturados, nem monstros que atormentem os meninos na calada da noite, mas compreenderam, antes de nós, que o amor, para educar, não prescinde da energia e que a ternura, por mais valiosa, não pode dispensar o esclarecimento.

         Dentro do Novo Mundo, e principalmente em nosso país, as crianças são pequeninos e detestáveis senhores do lar que, aos poucos, se transformam em perigosos verdugos. Enchemo-las de brinquedos inúteis e de carinhos prejudiciais, sem a vigilância necessária, diante do futuro incerto. Lembro-me, admirado, do tempo em que se considerava herói o genitor que roubasse um guizo para satisfazer a impertinência de algum pequerrucho traquinas e, muitas vezes, recordo, envergonhado, a veneração sincera com que via certas mães insensatas a se debulharem em pranto pela impossibilidade de adquirir uma grande boneca para a filhinha exigente. A morte, todavia, ensinou-me que tudo isso não passa de loucura do coração.

         É necessário despertar a alegria e acender a luz da felicidade em torno das almas que recomeçam a luta humana, em corpos tenros e, muita vez, enfermiços. Fora tirania doméstica subtrai-las ao sol, ao jardim, à Natureza. Seria crime cerrar-lhes o sorriso gracioso, com os ralhos inoportunos, quando os olhos ingênuos e confiantes nos pedem compreensão. Entretanto, minha amiga, não cogitamos de proporcionar-lhes a alegria construtiva, nem nos preocupamos com a sua felicidade real. Viciamo-las simplesmente.

        Começamos a tarefa ingrata, habituando-lhes a boca às piores palavras de gíria e incentivando-lhes as mãos pequenas à agressividade risonha. Horrorizamo-nos quando alguém nos fala em corrigenda e trabalho. A palmatória e a oficina destinam-se aos filhos alheios. Convertemos o lar, santuário edificante que a Majestade Divina nos confia na Terra, em fortaleza odiosa, dentro da qual ensinamos o menosprezo aos vizinhos e a guerra sistemática aos semelhantes. Satisfazendo-lhes os caprichos, dispomo-nos a esmagar afeições sublimes, ferindo nossos melhores amigos e descendo aos fundos abismos do ridículo e da estupidez. Fiéis às suas descabidas exigências, falhamos em setenta por cento de nossas oportunidades de realização espiritual na existência terrestre. Envelhecemo-nos prematuramente, contraímos dolorosas enfermidades da alma e, quase sempre, só reconhecem alguma coisa de nossa renúncia vazia, quando o matrimônio e a família direta os defrontam, no extenso caminho da vida, dilatando-lhes obrigações e trabalhos. Ainda aí, se a piedade não comparece no quadro de suas concepções renovadas, convertemo-nos em avós escravos e submissos.

         A morte, porém, colhe nossa alma em sua rede infalível para que nos aconselhemos, de novo, com a verdade. Cai-nos a venda dos olhos e observamos que os nossos supostos sacrifícios não representavam senão amargoso engano da personalidade egoística. Nossas longas vigílias e atritos angustiosos eram, apenas, a defesa improfícua de mentiroso sistema de proteção familiar. E, humilhados, vencidos, tentamos debalde o exercício tardio da correção. Absolutamente desamparados de nossa lealdade e de nossa previdência, por se manterem viciados pela nossa indesejável ternura, os filhos de nosso amor rolam, vida afora, aprendendo na aspereza do caminho comum. É que, antes de serem os rebentos temporários de nosso sangue, eram companheiros espirituais no campo da vida infinita e, se voltaram ao internato da reencarnação, é que necessitavam atender ao resgate, junto de nós outros, adquirindo mais luz no entendimento. Não devíamos cercá-los de mimos inúteis, mas de lições proveitosas, preparando-os, em face das exigências da evolução e do aprimoramento, para a vida eterna.

O LAR.

         Desse modo, minha amiga, use os seus recursos educativos compatíveis com o temperamento de cada bebê, encaminhando-lhes o passo, desde cedo, na estrada do trabalho e do bem, da verdade e da compreensão, porque as escolas públicas ou particulares instruem a inteligência, mas não se podem responsabilizar pela edificação do sentimento. Em cada cidade do mundo pode haver um Pestalozzi que coopere na formação do caráter infantil, mas ninguém pode substituir os pais na esfera educativa do coração.

         Se a senhora, porém, não acreditar em minhas palavras, por serem filhas da realidade indisfarçável e dura, exercite exclusivamente o carinho e espere pela lição do futuro, sem se incomodar com os meus conselhos, porque eu também, se ainda estivesse envolvido na carne terrestre e se um amigo do “outro mundo” me viesse trazer os avisos que lhe dou, provavelmente não os aceitaria.
Irmão X
(do livro “Lázaro Redivivo”, psicografia de Francisco Cândido Xavier, p. 66 a 69,4ª ed., ED. FEB, RJ, 1963).

terça-feira, 8 de maio de 2012

FROM ME TO YOU/THANK YOU GIRL


Boa Noite a todos,

Dando seqüência a nossa conversa, o terceiro single lançado pelos Beatles chama-se “FROM ME TO YOU/THANK YOU GIRL”, lançado em 11 de abril de 1963, pela EMI e foi mais um PETARDO nas paradas de sucesso no Reino Unido. Esperaram apenas 3 meses, após o sucesso estrondoso de “Please pease me/Ask me why” e a Beatlemania tomava conta da Inglaterra.


“From me to you” foi escrita no dia 28 de fevereiro de 1963 e vinha da coluna de cartas do NME, como “From you to us”. Foi a primeira e uma das poucas composições em que Paul e John fizeram em conjunto, do início ao fim.

Nos primeiros anos de composição, cada qual vinha com a sua música já praticamente pronta e, vez ou outra, essa composição recebia contribuições dos outros membros da banda, fato esse que foi fundamental para a construção das músicas dos Beatles porque, ao mesmo tempo em que compunham e faziam enorme sucesso, este mesmo sucesso atrapalhava cada vez mais o processo de construção destas mesmas músicas, principalmente a PRESSÃO que sofriam para construir, digamos, NOVOS “NUMBER ONE’S” nas paradas. (Sim, os Beatles também eram pressionados a fazer sucesso...).

Outro fato importante também para a composição é que, para tornarem-se famosos e conhecidos, eles excursionavam muito. Saíram do Cavern Club, em Liverpool, onde havia um público mais adolescente, na hora do almoço, para, de repente, tocarem em Hamburgo, na Alemanha, onde se deparavam com um público mais “sério”, isto é, executivos alemães, em sua maioria. Portanto, realmente não tinham tanto tempo disponível para compor as canções, em conjunto, como sempre se imaginou, quando lemos abaixo das inscrições das músicas, nos LP’S: “Lennon-Mc Cartney”. Aliás, no começo, era mesmo “Mc Cartney-Lennon”, mas John achou que “Lennon-Mc Cartney” soava melhor (segundo disse Paul). E assim ficou para a história.

A primeira execução pública desta música e de seu lado B deu-se um dia após ser composta pela dupla, no “Odeon Cinema” em Southport, Lancashire, onde se apresentaram. Lá tocaram “From me to you” para o pai de Paul, que estava assistindo ao show e pediram a opinião dele sobre ela. Ele aquiesceu, para alívio dos quatro, que tinham uma enorme preocupação quanto à assimilação pelos fãs, já que vinham de um enorme sucesso, no single precedente.

Gravada, então, cinco dias após a composição, ficou fácil, como disse John, para eles conseguirem o que queriam, pois, segundo ele, “...tínhamos decidido não fazer nada muito complicado. Acho que é por isso que muitas vezes temos as palavras ‘you’ e ‘me’ nos títulos das músicas. É o tipo de coisa que ajuda os ouvintes a se identificarem com a letra. Achamos isso muito importante. Os fãs gostam de sentir que fizeram parte do que está sendo feito pelos artistas”.

Detalhe: quase a música não foi gravada, porque eles acharam que ela ficou muito “bluesy” (uma variante de blues), “... mas George Martin adicionou a gaita e ficou tudo ótimo”, disse Paul.

Abril de 1963: “From me to you” arrebentou com as paradas britânicas e selou definitivamente a Beatlemania, não apenas “para inglês ver...” Mas, lançada com o selo “Vee Jay”, nos EUA, não passou do quadragésimo lugar (porque a subsidiária da EMI por lá, a Capitol Records recusava-se a lançar os Beatles no país dos ianques). Aliás, esses singles dos Beatles com o selo da “Vee Jay” também são raríssimos.

Ao mesmo tempo em que isso acontecia, os Beatles iam, também, revolucionando o mercado fonográfico. Explico: os singles lançados, àquela época, apenas traziam o lado A com a música com mais potencial de sucesso e o lado B ficava relegado àquelas músicas que praticamente serviam mesmo para “tampar buraco” (OU LADO!!!).

Com os Beatles, entretanto, foi diferente. Todas as músicas que eles compunham ganhavam relevância e o lado B de seus singles, a despeito de serem “puxados” pelo sucesso do lado A também faziam enorme sucesso. Mais um paradigma mudado pelos rapazes de Liverpool.

“Thank you girl” era para chamar-se, originariamente, “Thank you little girl” e foi escrita no bojo de “Please please me” e “From me to you”. John disse o seguinte, a respeito dela, em 1971: “só uma canção boba que fizemos nas coxas”, e, em 1980 “uma das nossas tentativas de escrever um single, que não funcionou”. Paul, no mesmo diapasão: “Uma canção sem valor... apenas valendo pelo exercício...”.

Mas é muito bonita, e vale a pena escutar. Sempre.

Ah, na próxima blogagem falaremos sobre o show de ARNALDO BAPTISTA, no Teatro Municipal de São Paulo, na VIRADA CULTURAL. Aguardem!!!

FROM ME TO YOU/THANK YOU GIRL 
11 de abril de 1963 - U.K.







Até breve,

Alex.