sábado, 16 de novembro de 2019

SOMETHING/COME TOGETHER - 50 ANOS DO PENÚLTIMO SINGLE DOS BEATLES!

Boa tarde,

Voltamos neste feriado para falarmos um pouquinho dos 50 anos do penúltimo single dos Beatles, lançado na Inglaterra, no dia 31 de outubro de 1969.

Meu compacto nacional, de 1969...


  À essa época, os Beatles praticamente não mais existiam. O detalhe interessante deste single, porém, que, pela primeira - e última - vez, uma composição de George Harrison figurou num lado "A" de um single dos Beatles: "Something".

Pode parecer meio sem sentido para os dias de hoje - uma música estar de um lado ou de outro do disco - até porque as pessoas ouvem música em mp3 e isso não tem mesmo nenhuma importância.

Mas, historicamente e, principalmente para a época, sim.

Ocorre que o mercado de músicas, se podemos chamar assim, à época e, antes de Sgt. Peppers, era de compactos, isto é, os chamados "singles": As bandas e os artistas lançavam uma ou duas músicas de sucesso num disco de sete polegadas - esses disquinhos das fotos - e tentavam dizer tudo o que queriam no formato compacto, isto é, em três minutos e alguns segundos, no máximo, que era a duração de uma música "padrão" na época.

Lado "B"... Come Together...

Além disso, os compactos "impulsionavam" as vendas dos LP's ("long plays", ou os tais "bolachões"), onde as bandas e os artistas - aí, sim - podiam colocar suas ideias com "um pouco mais de folga".

Sgt. Peppers, no entanto, quebrou mais um paradigma: digamos que ele "inaugurou" a cultura do LP como massificação do rock. Não que as pessoas que curtiam rock não compravam LP's, mas, a partir de Peppers as bandas e os artistas de rock modificaram seu pensamento quanto à expressão artística; tinham mais tempo para dizer o que queriam dizer, não precisando mais lançar singles para alavancar essa ou aquela venda.


Então, o mercado fonográfico, pós Sgt. Peppers, passou a ser de LP's, e não mais de singles.

Mas os Beatles, filhos da classe operária, jamais deixavam os seus fãs na mão: os singles eram bem mais baratos e acessíveis às pessoas que não tinham dinheiro para comprar LP's (que sempre, e em qualquer lugar, foram caros), de modo que eles continuaram lançando singles até não mais existirem como banda (o último - "Let it Be"/ "You Know my Name" será objeto de nova conversa no ano que vem, quando completará 50 anos).

Daí a existência, mesmo após Sgt. Peppers, de singles dos Beatles.

Outra curiosidade é que os Beatles sempre tiveram a preocupação de lançar, nos dois lados do single, dois "lados A". Explico: acho que já falei em outras conversas por aqui mas vou falar-lhes novamente: Um "lado A" de um single, de ordinário, era a música mais importante do compacto. No "lado B", as bandas e os artistas lançavam uma canção que eles consideravam com não muito potencial de sucesso.

A primeira e última vez que uma composição de George figuraria num disco dos Beatles...

Já os Beatles, por aqueles motivos ali expostos, sempre lançavam DOIS LADOS "A" em seus singles. E, com este, não foi diferente.

E, claro, para George, deve ter sido ótimo ver, finalmente, uma composição sua digna de um "lado A" dos Beatles - uma das canções mais famosas, bonitas e regravadas da história, sem dúvida nenhuma.

Com o encarte original de 1969...

Tratam-se, obviamente, de dois clássicos do rock, eternizados neste compacto e, claro, no LP "Abbey Road", já comentado na postagem anterior.

Ah, e por falar em clássicos do rock, na próxima postagem, vamos falar dos 50 anos do nascimento do ROCK PROGRESSIVO, "inaugurado e sacramentado", para mim, com o lançamento do discccccccaaaaaaaço "In the Court of Krimson King", do King Crimson...

Essa postagem será mais que especial... Prometo-lhes um vídeo caseiro de audição deste marco do rock progressivo.

Até lá!









domingo, 6 de outubro de 2019

ABBEY ROAD: O ÚLTIMO DISCO DOS BEATLES FAZ 50 ANOS!


Boa tarde a todos,

Voltamos neste início de mês para falarmos dos 50 anos do disco "Abbey Road".

Trata-se do último LP gravado pelos Beatles. 

Minha cópia estéreo, 180g, da nova caixa...

Em 1962, na primeira vez em que John, George, Paul e Ringo transpuseram os portais do famoso estúdio de "Abbey Road", eram quatro jovens rapazes sedentos por sucesso e fama. 




Em julho de 1969, quando lá entraram pela última vez para gravar um disco, como banda, eram pessoas famosas, influentes e cansadas do mundo; a amizade entre eles já não era a mesma, deteriorada por conta de disputas de ego, por dinheiro e por poder dentro da banda.

O mundo estava se transformando; não era mais o mesmo daquele longínquo 1962, aliás não tão longínquo assim porque apenas sete anos separam um do outro; dizia eu que o mundo não era  - e não era, mesmo - mais o mesmo e os anos 1960 rumavam à sua violenta eclosão.

Este também ,estéreo nacional, de 1969... Aliás, os Beatles gravaram tudo mono até o álbum branco... Depois dele, tudo saiu em estéreo, exceto no Brasil...

O rock também não era mais o mesmo, muito em função do que os Beatles fizeram - e continuaram fazendo - para mudá-lo. As bandas, os artistas de rock tinham evoluído muito e não se podia mais "dançar o iê, iê, iê". Somente em países extremamente fechados e/ou que viviam sob uma ditadura e um censura ferrenhas (como o Brasil) ainda se podia dançar o tal do iê, iê, iê, que deixou de ser revolucionário, em sua origem, e passou a ser mais um condimento alienante da juventude reprimida.

Reparem no selo indicador... E vinha na famosa "capa sanduíche"...



As letras das canções também acompanharam essa mudança. De "The Word" e "All You Need is Love", para "Revolution" e "Gimme Shelter" demorou apenas um, um e meio a dois anos...

Então, as músicas do último álbum dos Beatles refletiam o momento pelo qual eles (e sua geração) passavam: carma ruim, dívidas, negócios e, de uma forma geral, a sensação de carregar o mundo nas costas. 

Este é minha outra cópia estéreo nacional (tenho duas)...


Muito bem. Depois das brigas que caracterizaram o projeto "Get Back", que redundou no famigerado álbum "Let it Be", Paul decidiu (sim, era ele, a esta época, quem dava mais cartas no grupo) chamar os demais, mais George Martin, para produzir um álbum como se fosse nos velhos tempos, com todo mundo junto.

Os discos da Apple vinham com este encarte preto, no mundo inteiro...

Apesar de os quatro estarem trabalhando em muitos projetos individuais e levarem outros músicos para o estúdio para tocarem com eles, a ideia deu (muito) certo.

Desta última reunião, então, surgiu o disco "Abbey Road", que começou a ser gravado em julho de 1969, foi terminado em agosto, com a gravação de "Because" e "I Want You" e foi lançado exatamente no dia 26 de setembro de 1969, há exatos 50 anos.

Trata-se de uma raridade nacional e internacional, já que Abbey Road MONO acho que só no Brasil... Em 1969, equipamentos estereofônicos (ou hi-fi, como se falava na época) eram raríssimos no mundo inteiro... Que dirá no Brasil.... Daí o LP mono!...

Ei-lo!!!

Antes disso, porém, ocorre no dia 22 de agosto de 1969 a última sessão de fotos dos Beatles, na casa de John, em Tittenhurst. 


Reparem que na capa... Sem o selo "estereofônico"....

Duas delas aparecem na segunda coletânea oficial dos Beatles, lançada em 1970, chamada "Hey Jude". Ali também foi gravado um curta metragem de 16mm, nos jardins da casa. 


Depois eles nunca mais seriam fotografados juntos, à exceção, claro, das fotos promocionais para o projeto "Anthology", em 1994 (já, claro, sem John).


Para aqueles que curtem som digital... Eis o CD...


COME TOGETHER

John fez esta música inicialmente como um "jingle" para a campanha de Timothy Leary ("o guru do LSD) a governador da Califórnia, contra o seu oponente e conservador Ronald Regan (que se elegeria e mais tarde, também, para presidente dos EUA).

É que Leary havia participado, junto com sua esposa, do "bed in" em Montreal que John organizou na luta pela paz. Foi lá também que John gravou "Give Peace a Chance" (ver minhas postagens anteriores) e Leary e sua esposa cantam no refrão. Então John devolveu a gentileza e gravou esta para a campanha de Leary.

Feito isso, Leary fez com que a música que John fez para ele tocasse em todas as rádios alternativas da Califórnia e passou a considerar que a música era dele.

Nesse ínterim, porém, John voltou a Londres e foi ao estúdio e gravou "Come Together". Em outubro, ela foi lançada como lado "B" de "Something", num compacto (tema de um próximo encontro nosso).

A campanha de Leary, porém, teve que ser cancelada, pois ele foi preso acusado por porte de maconha. Na prisão foi onde ele ouviu "Abbey Road" pela primeira vez e viu que "sua" música abria o disco.

Disse ele: "Embora a nova versão fosse uma melhorai em termos de letra e melodia da minha música de campanha, fiquei um pouco bravo porque Lennon tivesse me desconsiderado daquele jeito. quando mandei um pequeno protesto para John, a resposta teve o típico charme e a sagacidade de Lennon, que disse que ele era um alfaiate, e eu era um cliente que pediu um terno e nunca mais voltou. Então ele o vendeu para outra pessoa".

A versão do disco, então foi trabalhada no estúdio, com Paul acrescentando um baixo em estilo Nova Orleans. Os dois versos que falam de "old flat top" foram tirados de "You Can't Catch Me", uma antiga cação de Chuck Berry e John foi processado por plágio. Não passava de uma homenagem de um velho fã para o seu ídolo e John sempre negou a tentativa de furto musical.

O conflito só terminou nos anos 1970, quando John prometeu gravar três músicas da editora da música plagiada, cumprindo a promessa no seu disco solo "Rock and Roll", com "Sweet Little Sixteen", "You Can't Catch Me" e "Ya Ya", de Lee Dorsey, no álbum "Walls and Bridges".

SOMETHING

"Something" foi a primeira música de George a figurar no lado "A" de um disco dos Beatles (de um compacto).

Três foram as inspirações de George para a música: Ray Charles, que ele imaginou cantando, uma música de James Taylor, artista contratado da Apple e que depois viria a fazer sucesso, chamada "Something in the Way She Moves" e, claro, sua esposa à época, Pattie Boyd.

Taylor estava gravando a música na mesma época do White Album no Trident Studios e lá estavam George, Paul e Ringo gravando "Savoy Truffle" e provavelmente ouviu a música de Taylor.

Provavelmente a base dela foi gravada em outubro de 1968. Ela só não foi incluída no disco porque a seleção de faixas já havia sido finalizada.

George oferceu-a para mais dois artistas - Joe Cocker e Jackie Lomax, mas, em maio de 1969 decidiu gravá-la com os Beatles para Abbey Road.

Tornou-se a segunda canção mais regravada dos Beatles - atrás apenas de "Yesterday".

Algumas das fotos da última sessão, na casa de John....

MAXWELL'S SILVER HAMMER

É a primeira canção dos Beatles que entra no tema da lei do carma (lei de causa e efeito, para nós, espíritas).

A ideia por trás da canção era de que, no minuto em que você faz algo errado, o martelo de prata de Maxwell vai bater na sua cabeça. Maxwell era um estudante de medicina que usou seu martelo de prata para matar a namorada, uma professora e um juiz.



OH! DARLING

É uma canção simples, inspirada nas baladas de rock do final dos anos 1950. Paul queria que sua voz ficasse bem roca para interpretá-la e treinou repetidamente ela durante uma seamana, antes de gravá-la.



OCTOPUS'S GARDEN

Ringo inspirou-se na sua segunda - e última - canção quando estava em férias com a família na Sardenha, no iate de Petter Sellers, quando recusou polvo para o almoço. O capitão da embarcação contou-lhe várias historias de polvos e ele ficou fascinado. Daí ele tirou a letra.



I WANT YOU

John escreveu esta para Yoko, objtetivando, um dia, escrever a canção perfeita, com apenas uma palavra. A simplicidade, para ele, estava acima de muitas outras canções dos Beatles, como "Eleanor 
Rigby" e "I Am the Walrus".



HERE COMES THE SUN

Canção-desabafo de George, que se tornou outro clássico dele e dos Beatles. 

As reuniões de negócios cansativas da Apple, as brigas por conta dos empresários - Allan Klein ou John Eastman - e as discussões intermináveis dos Beatles tornavam tais reuniões cada vez mais tensas.

Em meio a essas discussões George achou que "tudo estava ficando cada vez mais igual a escola" e resolveu tirar uns dias de folga para arejar e foi à casa de Eric Clapton.

Numa manhã ensolarada da primavera, George estava nos jardins da casa, tomou emprestado um dos violões de Eric e teve uma súbita onda de otimismo e começou a escrever "Here Comes the Sun".

"Foi uma libertação tão grande poder simplesmente estar ao sol", disse à época.

Para quem não conhece, a capa da coletânea "Hey Jude"...


BECAUSE

John escreveu esta partindo do primeiro movimento da Sonata para piano nº 14, em do sustenido menor ("Sonata ao Luar"), quando estava em casa ouvindo Yoko tocá-la no piano. Pediu a ela que tocasse os acordes ao contrário e ela o fez, mas na música gravada pelos Beatles aparece a ordem tal como a original.

Beethoven era o compositor preferido de John e o fato de eles terem regravado "Roll Over Beethoven", de Chuck Berry, que se tratava de um "conselho" aos compositores eruditos para abrirem caminho ao rock, não diminuía seu apreço pelo compositor, o que também afastava a ideia de que quem ouve rock tem de desprezar a música erudita.



YOU NEVER GIVE ME YOUR MONEY

Aqui começa a junção inacabada de várias canções de Paul, criando, na minha opinião, o mais espetacular lado "B" de todos os tempos.

A música em si é um relato de Paul, da situação financeira da banda naquela época, que, por mais que ganhassem dinheiro, só recebiam "funny paper" (folhas de papel).

Ele finaliza a canção dizendo como era bom estar livre com a nova vida ao lado de Linda e poder sair, encher o carro de bagagens e deixar as preocupações para trás.



SUN KING

John disse que esta surgiu como um sonho. Historicamente, o "Rei Sol" era o rei Luis XV da França e pode ter sido com ele que John sonhou. Também pode ter sido uma referência engraçada à canção de George, "Here Comes the Sun".

Os versos finais são palavras em italiano, espanhol e português que os turistas ouvem aleatoriamente. O título original da música era "Los Paranoias".

George, porém, tem uma outra versão da origem da música. Disse, à época, que se tratava de inspiração em "Albatross", do Fleetwood Mac, música instrumental desta banda, que fez sucesso na Inglaterra no começo de 1969.


MEAN MR. MUSTARD

A inspiração para esta música veio de uma reportagem de jornal da época, sobre um sujeito pão duro que escondia todo o seu dinheiro. John admitiu ter inventado o verso sobre enfiar  uma "ten bob note" (uma nota inglesa de dez xelins) no nariz e declarou não ter absolutamente nada a ver com cheirar cocaína.

Escrita na Índia, foi gravada com "Sun King" como se fosse uma música só. Na versão original o Mr. Mustard tinha uma irmã chamada "Shirley", mas John mudou para "Pam" quando percebeu que, assim, poderia encadear melhor a música com outra canção, "Polythene Pam".



POLYTHENE PAM

A despeito de John ter insistido que a música era sobre "uma vadia mítica de Liverpool vestindo botas de montaria e kit", a canção era na verdade sobre duas pessoas que ele conhecia. O nome veio de Pat Dawson (Pat Hodgett na época), uma fã dos Beatles dos dias do Cavern Club que, por causa do estranho hábito  de comer polietileno (plástico), era conhecida pelo grupo como Polythene Pat.

Entretanto, ela nunca se vestiu com sacos de polietileno como diz a música. Essa pequena particularidade foi tirada de um incidente envolvendo uma garota chamada Stephanie, que John conheceu durante uma turnê me 1963.

Ela era namorada de Royston Ellis, um escritor que conheceu os Beatles em 1960, quando fez um sarau na Universidade de Liverpool.

Ellis foi a primeira pessoa a apresentar drogas aos Beatles, ensinando-os como ficar chapados com as tiras dentro do inalador de benzedrina.

Stephanie "usava aquilo [polietileno] e não botas de montaria e kits". Eu só elaborei um pouco. Sexo pervertido com um saco de polietileno. Eu só estava procurando algo sobre o que escrever", conta.



SHE CAME IN THROUGH THE BATHROOM WINDOW

Canção escrita por Paul em junho de 1968 durante uma viagem de negócios da Apple aos EUA com a Capitol Records.

Trata-se de uma música escrita "em homenagem" às "Apple Scruff's" (grupos de fãs que ficavam plantadas na portaria do prédio da Apple, nos estúdios da EMI e na porta da casa dos quatro Beatles).

Um dia Paul saiu de sua casa em St. John's Wood e as meninas aproveitaram a deixa e invadiram a casa. Uma delas, Diane Ashley se recorda: "Estávamos entediadas, ele estava fora, então decidimos fazer uma visita. Encontramos uma escada no jardim e colocamos embaixo da janela do banheiro, que ele tinha deixado levemente aberta. Fui eu que subi e entrei".

Lá dentro, ela abriu a porta para as demais entrarem. Acabaram furtando algumas coisas meio que sem valor - fotos, negativos, roupas, etc. Margo Bird, outra garota, disse: "... Eu costumava levar a cachorra de Paul para passear e pude conhecê-lo bem. Acabei recebendo uma proposta de emprego na Apple. Comecei preparando chá e acabei no departamento de promoções...".

Na viagem, em meio a conclusão da letra, Linda se recorda: "Paul e eu estávamos em Nova York indo para o aeroporto para voltar para a Inglaterra. O nome do taxista que estava nos levando era Eugene Quits, então Paul escreveu 'so I quit the police department'".

De acordo com Carol Bedford, outra "Apple Scruff", que escreveu o livro "Waiting for The Beatles", Paul disse a ela posteriormente: "Escrevei uma música sobre as meninas que invadiram a minha casa. Ela se chama SHE CAME IN THROUGH THE BATHROOM WINDOW (...) eu sei que todos os vizinhos ligaram para ele quando viram que estávamos lá, e tenho certeza de que isso deu origem aos versos 'Sunday's on the phone to Monday/Tuesday's on the phone to me', relembra. "Não me arrependo de nada daquilo. Eu me diverti muito, muito mesmo!".



GOLDEN SLUMBERS

Paul estava na casa de seu pai dedilhando o piano e folheava um livro de músicas de sua meio-irmã Ruth e se deparou com uma canção de ninar chamada "Golden Slumbers". Sem conseguir ler a letra, ele criou uma para si, adicionando novas palavras.

Esta canção - no modo original  - foi composta pelo escritor e dramaturgo inglês Thomas Dekker, que era contemporâneo de Shakespeare.

Semblantes emblemáticos do fim da maior banda de rock de todos os tempos...


HER MAJESTY
Paul a escreveu na Escócia e faria parte do "medley" do lado "B", entre "Mean Mr. Mustard" e "Polythene Pam", mas ao ouvir a gravação, Paul não gostou e pediu a George Martina para tirá-la dali e ficou satisfeito com a colocação aonde ela está - útlima faixa do álbum.

Como a edição não tinha muitos recursos, o último acorde de "Mean Mr. Mustard" foi usado para começar "Her Majesty", que termina abruptamente porque sua própria nota final foi deixada para trás no começo de "Polythene Pam".

CARRY THAT WEIGHT

Embora pareça apenas uma música do "medley" e seja creditada como tal, na verdade foi gravada com "Golden Slumbers" como single. Foi uma boa ideia porque leva a sequência de volta  para onde começou - com temas como dinheiro, negócios e o fardo de ser um superastro.

A letra expressa os medos de Paul  a respeito dos Beatles em seus último dias. Ele afirmou posteriormente que as discussões sobre as finanças e gerenciamento o fizeram mergulhar nos "momentos mais sombrios" de sua vida até então. A leve atmosfera em torno dos Beatles tinha ficado pesada.

THE END

A última faixa do último álbum dos Beatles não poderia ser mais apropriada. "E no final, o amor que você tem, é igual ao que você faz".

John ficou impressionando, a ponto de declarar que se tratava de "um verso muito cósmico", provando que "quando Paul quer, ele é capaz de pensar".

Paul viu sua parelha de versos como o equivalente musical do dístico com que Sheakspeare encerrava algumas peças, um resumo e também um sinal de que ações do drama terminavam ali.

Um fim esplendoroso para uma carreira musical de uma banda que transformou a música popular, os costumes de uma época e toda uma geração, repercutindo nos dias em que vivemos e ainda viveremos.


Uma pequena parte do filme que foi gravado junto com a sessão de fotos...


E, claro é o grupo de minha vida. E da sua? Qual banda faz tanta parte assim de sua vida?


Bem, vamos parando por aqui...


Façamos uma menção honrosa aos 50 anos do festival de Woodstock, aquele que foi o maior e mais famoso festival de música de todos os tempos. Os meus destaques do festival são Jefferson Airplane, Janis Joplin, Jimmy Hendrix e, claro, a melhor apresentação do festival... The Who.


Vamos ver se arranjamos tempo para falar dos 50 anos do nascimento do rock progressivo (intitulado, mas que nascera pelo menos dois anos antes de 1969), com o disco do King Crimson - In the Court of Crimson King e os 50 anos dos dois discos do Pink Floyd - "More" e "Ummagumma". As trilhas sonoras hippies vão ficando cada vez mais velhas... Até lá!!!

PS.: O que a gentalha que governa o Brasil vem fazendo com a floresta amazônica é digno de repúdio mundial. Vocês que moram aí no exterior - garanto - tem mais noção e informação do que nós aqui do Brasil, já que a esmagadora maioria da imprensa brasileira está de rabo preso com essa turma de Brasília, não divulgando quase nada do que acontece com a amazônia. Não fosse a "internet" e os companheiros brasileiros que moram fora do país, ninguém ficaria sabendo.

É um verdadeiro acinte a todos os habitantes do planeta. Um governo que não sabe o que faz, não sabe o que diz, mas que todo mundo sabe como pensa. Uma verdadeira lástima e só nos resta torcer e torcer muito para que esse período nefasto que estamos passando seja breve, mas muito breve.

Um governo que foi eleito e se sustenta na base da mentira e do ódio não tem como prosperar. E não vai. Aliás, é de admirar que muitos que se dizem "cristãos", "espíritas", etc. tem, ainda, algum apreço por essa quadrilha sádica que ainda nos governa. Dizer-se cristão e defender o ódio de classe, a mentira deslavada que é destilada nos meios de comunicação e de mídia é um negócio muito grave. 

O maior mandatário do país envolto em bravatas, em discussões estéreis e inúteis usando de palavriado chulo (mormente em questão de gênero e de comportamento), milícias (organizações criminosas, para vocês aí do exterior, que não conhecem), defensor contumaz da tortura e perseguição de opositores, da utilização de armas e violência para justificar sua existência política,  do patrulhamento ideológico, artístico e cultural, da censura (muitas vezes prévia), da insistente tentativa de destruição (muitas vezes por decreto) de direitos históricos dos trabalhadores, como previdência, descanso semanal remunerado, entre outros, por princípio, deveria ser repudiado por qualquer ser que se diga cristão.

Como eu já disse em outra rede social, os livros que li parecem não ser os mesmos que alguns andaram lendo (se é que leram) por aí. 

Para mim, é defender o indefensável. Ainda que eu não fosse cristão.

A impressão que se tem é que alçaram ao poder no Brasil parte das camadas mais baixas do plano espiritual. Deus permitiria? Claro que sim. Temos o nosso livre arbítrio. Vamos pagar - e talvez estejamos pagando - bem caro, coletivamente, as nossas escolhas.

Vamos torcer para que esse período passe o mais depressa possível, para que o bem vença e permaneça. Sempre.

Saudações Beatlemaníacas....


SEMPRE!!!!












domingo, 4 de agosto de 2019

A CAPA MAIS FAMOSA DA HISTÓRIA FAZ 50 ANOS!!!

Boa tarde a todos,

Vamos voltando nesta tarde de domingo bem londrina... Isso me dá muitas saudades!!!


a manhã (bem cedinho) do dia 8 de agosto de 1969 na faixa mais famosa do mundo...


Falo-lhes num dia muito especial para mim. Digamos numa época muito especial. Afinal de contas, além, claro, desse tempo frio, chuvisquento maravilhoso, que me lembra minhas encarnações passadas em algum lugar da Europa, finalmente demos entrada no processo de adoção. Sim! Eu e minha esposa vamos adotar  um menino! Que ele venha com muito amor e esperança! Vamos ouvir boas histórias e boas músicas todos nós juntos!!!


essa foto foi tirada por Linda, depois da sessão de fotos... Este que está de pé é Alan, o motorista do Ringo....

Bem. Hoje vamos conversar sobre os 50 anos do primeiro disco do Yes, o homônimo "Yes", lançado no dia 25 de julho de 1969.




Vamos falar também dos 50 anos da sessão de fotos mais famosa da história: o dia 8 de agosto de 1969 significa algo para você? Para mim, e para os beatlemaníacos, dentro dos quais me incluo, também. Trata-se de, nada mais, nada menos do que os 50 anos da capa do disco "Abbey Road". 






Isso mesmo: Há 50 anos os Beatles estavam atravessando a famosa faixa de segurança em Abbey Road e posando para aquela que seria a capa de disco mais famosa da história.

Há 50 anos, também, no dia 1 de julho de 1969, os Beatles entravam pela última vez, como banda, a um estúdio para gravar aquele que seria seu último  - e, para muitos- seu melhor álbum: Abbey Road.

Sobre o disco, em si, vamos fazer uma postagem especial, em setembro, que é a data de seu lançamento. Hoje vamos falar um pouco sobre o Yes, que é a banda que eu tenho a honra de estampar meu blog com a capa de seu disco "Tales from Topographic Oceans", de 1973, e claro sobre a sessão de fotos de Abbey Road.

HÁ 50 ANOS, NASCIA O YES!

O Yes é uma banda de rock progressivo formada em 1968 e que influenciou muitas e muitas bandas durante os anos 1970 e 1980 pelo mundo afora.

Sua "primeira encarnação" era formada pelo seu núcleo criador - Jon Anderson, o vocalista e Chris Squire, o baixista, que se conheceram num pub no Soho londrino em 1968. Para formar a banda e começar a definir um som, já que o rock, como sabemos, tem infinitas variações, colocaram um anúncio no jornal "Melody Maker", o mais antigo jornal sobre música de Londres, para recrutar um baterista. Quem respondeu ao anúncio foi simplesmente Bill Brufford, um baterista fortemente influenciado pelo jazz e que depois faria sucesso enorme durante os anos 1970 no King Crimson (outra banda progressiva e, talvez, a pioneira no gênero).

Meu disco debutante do Yes... Importado - EUA, de 1969!!!

Reparem no antigo logo da banda.... Bem como Banks havia dito de pôster promocional...


Depois vieram o guitarrista Peter Banks (quem terá um papel fundamental na banda) e o tecladista Tony Kaye. Estava formada a "primeira encarnação do Yes".

Entretanto, a banda não tinha, ainda, um nome. Foi depois da chegada de Tony Kaye que Peter Banks sugeriu o nome de "YES" para a banda, porque ele acreditava que seria um nome fácil de se destacar em pôsteres e em publicidade em geral. Todos concordaram e, sobretudo, porque não deixava de ser uma mensagem positiva, no final das contas. Surgia uma das maiores bandas de rock (progressivo) de todos os tempos.

Em seu segundo concerto e sem sequer ter gravado ainda o seu primeiro disco, objeto de nossa conversa, o Yes simplesmente abriu aquele que seria o último show do Cream, em 1968 no Royal Albert Hall - e que show!!! - um dos melhores da história, sem sombra de dúvida!!! Quem duvida, dê uma olhadela por aí na internet e depois me conta!!!

Consolidada a banda, restava chegar ao disco de vinil... e ele veio!

Trazendo arranjos complexos, harmonias, vocais bem elaborados, o Yes gravou seu primeiro disco, que chegava às lojas em 25 de julho de 1969.

Aí está meu vinil, de 1969, importado... Tem um som espetacular!!!


Depois, essa formação ainda gravaria mais um lp: "Time and a Word", em 1970, com o apoio de uma orquestra de mais de 30 músicos, tão comum na época. Após a gravação desse álbum, Peter Banks é demitido da banda, vindo em seu lugar Steve Howe.... Sim, o "monstro" Steve Howe.

Com a chegada de Steve, o Yes começa a definir seu som característico e tal como hoje o conhecemos. Imediatamente eles vão para o estúdio e gravam o lp "The Yes Album", também em 1970, que definiu o som do Yes e o projetou ao sucesso, já que é o primeiro disco que realmente chamou a atenção de público e crítica.

Eis o CD, também importado... Foi o meu segundo CD do Yes que comprei na galeria do rock, em 1995... Comprei em uma loja que trazia um monte de lançamentos gringos das bandas progressivas... O primeiro CD foi o "Classic Yes"....


Com o sucesso de "Yes Album", Tony Kaye já não acompanhava mais o exímio Steve Howe. Ele deixou a banda e aquele moço que tinha acabado de deixar o Strawbs estava na mira da banda: era simplesmente Rick Wakeman, que logo se juntou ao Yes.

Gravaram o lp "Fragile", em 1971 e o Yes ganhou - e muito - sonoridade erudita com a chegada de Wakeman. Essa sonoridade sedimentou a definição do Yes como uma das grandes bandas dos anos 1970 e de toda a história.



Em 1972 chega a vez daquele que muitos consideram o melhor álbum de rock progressivo da história: "Close to the Edge". Começam as grandes suítes (grandes músicas de um lado só do lp), com a música-tema: "dividida" em três ou quatro temas, a música possui a sonoridade, a letra, os arranjos harmônicos e vocais próprios do rock progressivo, de que eu gosto muito!

É neste disco, também, que aparecem o logo definitivo da banda, igual ao que vocês veem no mural do meu blog, e a arte surreal que toma conta das capas, não só do Yes, mas de muitas bandas dos anos 1970: o desenhista Roger Dean casou de forma impressionante e indelével o som do Yes com sua arte, que também é conhecida como "arte progressiva", para associá-la ao rock progressivo.



Com a turnê de 1972/1973, e o lançamento de seu disco triplo dessa turnê  - "Yessongs" - Bill Brufford deixa a banda para ir tocar no King Crimson. Em seu lugar o Yes convida o baterista Allan White, aquele mesmo que tocou na Plastic Ono Band, a banda que John criou, em 1969, para divulgar suas "experiências" musicais com Yoko (eca!). 



Estava consolidada a formação clássica do Yes: Jon Anderson, Chris Squire, Steve Howe, Rick Wakeman e Allan White. É esta formação que levará o Yes à consagração e popularidade que hoje conhecemos e que perdurará até o final dos anos 1970, com breves entra-e-sai de Rick Wakeman...

Por falar nisso, após a gravação de "Tales from Topographic Oceans", é a vez de Wakeman sair do Yes para dar continuidade à sua muito bem sucedida carreira solo... Tanto assim é verdade que logo depois de deixar o Yes, Wakeman lançou o álbum "The Journey to the Centre of the Earth", de 1974, um dos melhores discos de rock progressivo de todos os tempos.

Para o seu lugar, a banda convidou o tecladista suíço Patrick Moraz (já havia conversar com Vangelis, mas não deram certo. Vangelis viria a tocar com Jon Anderosn, no final dos anos 1970 em discos de grande sucesso). 

Moraz trouxe texturas diferentes à musicalidade do Yes, tornando o próximo disco "Relayer", de 1974, numa espetacular viagem sonora, com "The gates of delirium" ocupando todo o lado "A" do lp, e "Soon", uma parte dela transformada em "single" de sucesso no mundo todo. Aliás, fez o Yes "aparecer" inclusive para nós brasileiros. "Soon" foi a música de maior sucesso da banda, por aqui na época.

Após a turnê de "Relayer", em 1975, a banda deu um tempo, com cada um de seus membros fazendo discos solo pelo planeta. 

Em 1977, com a volta de Wakeman, o Yes lança o disco "Going for the One", que contém enormes sucessos comerciais, a despeito da popularização da "dance music" e o do punk. "Wonderous Stories" coloca novamente a banda nas paradas de sucesso do mundo todo e "Awaken" e "Turn of the Century", dois musicaços que ajudaram a impulsionar o álbuma e a banda.

Com o álbum "Tormato", de 1978, foi talvez a última chance de se ver e ouvir o Yes, com sua formação clássica e com sua musicalidade, ainda que este disco seja muito fraco.

Após ele, o Yes perdeu não só sua formação clássica - tendo inclusive perdido sua voz, Jon Anderson, no começo dos anos 1980, como também nunca mais conseguiu reproduzir sua musicalidade em estúdio, já que, no decorrer dos anos 2000 sua formação tenha se mantido aqui e acolá, tocando os grandes sucessos dos anos 1970 em shows e mais shows...

Bem, quanto aos demais discos de estúdio e as demais formações não vou perder tempo escrevendo sobre elas porque, na minha modesta opinião, o Yes acabou, como banda de estúdio, no lp "Tormato", em 1978. E acabou de vez com a morte de Chris Squire  em 2015 e foi enterrada de vez com a saída de Jon Anderson logo após isso, permanecendo apenas Steve Howe e Allan White nestes dias em que conversamos...

Mas os discos estão aí e o rock progressivo - queiram ou não os seus detratores- também. Para você que desconhece o gênero, as bandas, o contexto - que é muito importante- , o Yes é a banda a se ouvir, para conhecer e entender um pouco do rock dos anos 1970. É também - principalmente no meu caso pessoal - um exercício de auto-conhecimento, já que me remete à minha infância e o período em que estava no plano espiritual esperando para reencarnar-me.

Ouvir o Yes é sempre assim: uma viagem, quer seja ela interior ou par onde ela lhe levar...

A CAPA MAIS FAMOSA DA HISTÓRIA

Bem, com o fim das gravações de Abbey Road, em agosto de 1969 (as músicas "Because" e "I Want You"foram as últimas) os Beatles iniciam as discussões para dar um nome ao disco e fazerem a capa.









Em poucos dias pensaram em "Everest", com um foto dos quatro no topo do mundo, mas acabaram decidindo em "Abbey Road", a casa deles durante todos aqueles anos...













Um pouco daquela manhã de 8 de agosto de 1969 em Abbey Road...


Na manhã da sexta-feira do dia 8 de agosto de 1969 o fotógrafo Ian Mcmillan fez exatamente seis fotos dos Beatles naquela faixa, com o auxílio da polícia para segurar o trânsito. Das seis, Paul escolheu aquela que seria a foto da capa, que é a que hoje conhecemos.


Estamos chegando em Abbey Road!!!

De tube, é claro!!!


Como já lhes disse, a faixa em que os Beatles são fotografados não é mais a mesma. Explico: por conta do "trânsito"  - melhor dizendo, por conta do trânsito enorme de turistas e fãs que ali frequentam o ano todo - a tal da faixa de segurança foi recuada cerca de dez metros (pelos meus cálculos) um pouco mais para baixo de quem olha a capa do disco.


Segura nóis, aí...

Hoje ela se encontra na esquina da rua Grove End com a Abbey Road, quase em frente ao estúdio. Em 1969, ela estava um pouco mais para cima... 


Chegamos!!!! Estação de St. John's Wood...


A sensação de lá estar é indescritível... Por incrível que pareça, estávamos lá no dia 10 de agosto de 2014... Não estava aquele céu azul da capa, mas para variar ventava muito (aliás, sempre venta muito em Londres)...

Este dia - 10 de agosto de 2014 - foi um domingo... Quando eu era pequeno eu sempre gostava de olhar para a capa do álbum e ver aquele céu azul e lembrar-me dos domingos.... Explico: minha irmã, que me apresentou os Beatles e ensinou a gostar deles ia à casa de sua amiga aos domingos, para ouvir os Beatles, já que ela não tinha onde ouvi-los... Daí acabei associando as coisas na minha cabeça maluca... E, por ironia do destino, estive lá, num domingo - não tão ensolarado e não tão de céu azul assim - , para conhecer o famoso local... Ah, claro, com a minha irmã!!!




Muito bem! Voltaremos para falar sobre a última sessão de fotos dos Beatles, em 22 de agosto de 1969 e, claro, sobre os 50 anos de Woodstock.


Saudações beatlemaníacas...