sábado, 8 de outubro de 2016

A TRAGÉDIA E A FARSA: TALVEZ A HISTÓRIA NÃO SE REPITA.

Domingo passado -  2 de outubro de 2016, foi o dia em que reiteramos o que verdadeiramente somos.


O PT desbotou o vermelho há muito tempo... é só figura decorativa, nada mais.

Projetos, pessoas... Há séculos que o Brasil se debate entre o novo-velho e o velho-novo.


Passada esta semana, dei-me um tempo para melhor refletir no que aconteceu, de verdade (talvez uma pobre verdade, porque minha), nas eleições municipais que ocorreram. E, perguntei-me o porquê eu estaria a refletir em coisas que, para mim, não fariam mais sentido. Algumas coisas ainda me fazem sentir; algumas percepções do momento em que passamos estão, de certa forma e medida, mexendo comigo. Deveriam? Que tipo de construção íntima realizei, durante algum tempo, para que a política ainda exerça determinadas influências em minha vida? Digo-lhes “política” na acepção da palavra, e não à “política” que vulgarmente se conhece e se “discute”, mormente em período eleitoral. Mas, ao mesmo tempo, por que essa “política” em hora eleitoral (e porque eleitoreira) ainda me instiga a escrever a vocês, que me leem?

O meu comportamento e o comportamento da sociedade, em geral, é expresso, também, nas urnas. Esta é uma conclusão. Por que nos comportamos assim? É uma pergunta que ainda não se tem resposta. Por que nos expressamos somente nas urnas?

Até quem não gosta da política e da “política” acaba expressando-se, não somente nas urnas, mas também – e em grande parte em razão delas – de todas as formas. E a “internet”, através das redes sociais (como se precisássemos disso) virou o palco dos palpites, que antes eram feitos em praça pública – como o é, ainda, aqui no interior, sem abstenção da outra.

Penso, então, que, hoje, há uma outra forma de expressar-se a opinião política e, claro, a outra, a “política”. Quando eu militava politicamente – isso, lá pelos idos do final dos anos 1980 e até a metade dos 1990 – não imaginava que tudo isso ganharia novas proporções e novas reflexões.

Naquela época isso tudo era feito, ainda, nas ruas. E o fenômeno do “marketing” eleitoral tomou corpo (e alma) quando eu não mais via possibilidades de construções de estruturas (daqui a pouco a gente conversa sobre isso) capazes de transformar a realidade das pessoas  - que mais precisam -, pois, muitas há que não precisam ser suas realidades transformadas, ou porque não querem, ou porque não possuem, ainda, o verdadeiro “preparo”, a estrutura necessária para modificar-se, e modificar o meio em que vivem.

Hoje, contudo, a coisa é bem diferente. As opiniões e as informações e as deformações correm feto água, aos quatro cantos. A rua não alcança. Fico imaginando o cérebro da propaganda nazista -  Goebbels, um dos primeiros marqueteiros da era moderna – com uma “internet” em suas mãos... Não que não hajam vários Goebbels, soltos por aí... Com suas velhas ideias e métodos...

Objetivamente, o país – e o mundo - passa por um período que penso ser mais reflexivo do que ativo, muito embora a roda da História, com seu giro implacável, insistir a mostrar-nos o caminho do pessimismo e de nova destruição.

E é nessas reflexões que quero falar.

Allan Kardec, sabiamente, em “A GÊNESE” e em “OBRAS PÓSTUMAS”, já nos apontava para esse período – inexorável – para todos nós, espíritos ligados ao planeta: trata-se justamente desse período, em que as transformações do planeta começam a acontecer – de um mundo de expiação e de provas para um mundo regenerador. Entretanto, muita gente anda se confundindo com isso e achando que tais “mudanças” (digo-lhes... O que realmente muda?) político-eleitorais significam exatamente este “sinal”. Peço-lhes desculpas por qualquer mal entendido, mas, como diriam outros, “uma coisa é uma coisa; outra coisa, é outra coisa”.  Penso que muitos que assim raciocinam – peço desculpas, novamente – NÃO LERAM, nem uma, e nem a outra obra citada; e, quando muito, se leram, fizeram tais leituras descontextualizadas, isto é, quando “retiramos” determinados trechos de determinados livros e os colocamos fora do contexto em que o autor se expressou, para, na maioria das vezes, justificarmos aquilo que pensamos, fazemos ou queremos. Não é por aí...

Esse período em que estamos passando, no planeta, é um período de TRANSFORMAÇÃO, EVOLUÇÃO e não de VOLTA AO PASSADO, como querem muitos (isto não sou eu quem diz, mas as “urnas disseram”... Vejam os mapas eleitorais, disponíveis no “site” do TSE, que não me fazem mentir). E esses períodos, também, SÃO CÍCLICOS, já que a evolução NÃO TEM FIM. Quando lhes digo isso é para que reflitamos em cima disso: nada, absolutamente nada fica estático na natureza. O planeta e seus habitantes não poderiam deixar de serem iguais...

Significa dizer, então, que eleição, expressão de idéias, sentimentos, não significam, não traduzem, necessariamente, EVOLUÇÃO E TRANSFORMAÇÃO, nem do planeta, nem dos espíritos. Significam apenas o que elas são, por si sós.

Esta foi uma das coisas que vi e ouvi por entre esses dias – de reflexão. Lamento, mas lamento muitíssimo quem assim pensa – e não são poucos, mas, recomendo uma leitura ATENTA e desprovida de pré-conceitos das citadas obras e, SOBRETUDO, da parte QUARTA de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, também tão pouco lido (que dirá estudado), infelizmente, por muito de nossos confrades...

Muito bem. Esta foi a minha primeira impressão desses dias... Desde as manifestações de 2013 – acho que já escrevi sobre, em outra postagem... Deem uma olhadela, por gentileza – passando pelo GOLPE DE ESTADO (sim, é... É GOLPE DE ESTADO. Até quem proporcionou o golpe já o admitiu, publicamente) em curso no país e culminando nas eleições municipais de domingo passado...

Outro aspecto, não menos importante, é o que se costumou a dizer, quando “mudanças grandes” (grandes mudanças é outra coisa) ocorrem num determinado período da História, de um povo, de um país: que determinados costumes mudaram e, no nosso caso específico, que determinada prática política a população não mais tolera, daí “o recado das urnas”, como dizem os “experts” da televisão (viciada, como sempre, em defender seus próprios interesses, que não significam, na maioria das vezes, os interesses da população); tais “experts” são escolhidos “a dedo” pelos donos das emissoras, para expressar justamente a opinião do dono delas (estarei enganado? Fosse você dono de uma emissora, o que você faria? Expressaria contrariedades aos seus interesses e opiniões?). Dentro do rol de “experts” encontram-se desde o jornalista, “cientistas políticos”, passando até pelos próprios políticos, que tem vez e voz, na medida em que se coadunam – claro! – com a opinião do veículo em que podem podem expressar-se. Algumas candidaturas, por exemplo, tiveram que conseguir na Justiça o direito de participar dos debates entre os candidatos...  Para refletirmos...

Deem-me mais um tempo – não precisa muito, para vermos se, com os eleitos, as velhas práticas políticas, que supostamente estarão no passado, farão parte realmente do passado. As velhas práticas políticas, personificadas nos velhos políticos, que supostamente a população “varreu” das urnas... Será?

Isso para refletirmos em mais um novo aspecto: O REFLEXO. Sim. Torno a dizer o que já disse algures: nossa representação política é o nosso ESPELHO: igualzinha a nós. Apenas “depositamos” (ou clicamos) nas urnas aquilo que somos, no íntimo. E aí, abrimos para mais uma reflexão: as manifestações de 2013, o GOLPE DE ESTADO e as eleições que ocorreram fazem parte de um só todo: o povo brasileiro, em grande parte, mostrou-se tal qual é e os reflexos disso serão sentidos no conjunto social, como num todo, neste momento e doravante. Percebam que estamos voltando, de certa forma, lá no começo. Do texto e da História. “A História se repete, ora como tragédia, ora como farsa”, disse Marx. Sem descontextualizar...

Isso para dizer que quando reclamamos da nossa representação, reclamamos de nós mesmos: se sórdida, é porque a sociedade é sórdida; se altruísta, somos altruístas, e fazemos por assim nos representar. Digo-lhes quanto ao conjunto, isto é, socialmente representados. Porque ninguém vive ou caminha sozinho, como logo colocaremos.

Outro aspecto, também, deve ser considerado: as pessoas, no Brasil especificamente, tendem a PROJETAR suas vidas nas pessoas que elas pensam ser “bem sucedidas” (na vida material): isso se explica, em boa parte, porque o pobre vota no rico e nas suas propostas de prosperidade (material), sucesso, etc. Fazem o mesmo com os artistas de televisão, as personalidades, sempre sorridentes, que demonstram ter uma felicidade inesgotável. A vida que gostariam de ter está personificada nessas figuras, nos lugares que frequentam, nas roupas que usam, no que comem, na magreza e/ou corpos atléticos (sempre brancos) que exibem, nos automóveis que possuem, nas satisfações sexuais que supostamente experimentam... E não somente os pobres fazem isso, mas também muita gente que não pode ser classificada como tal. E é por isso que existem as chamadas “classes médias”, que possuem um pouco mais de acesso a tudo isso, iludidas que estão, quanto à sua condição, ainda inferior, na “escala social”, com podemos dizer, e que sequer tem a noção da verdadeira natureza da riqueza material, de como ela se estrutura na sociedade e quem verdadeiramente faz parte dela, que existe, e em qualquer sociedade.

Fazem uso recorrente de uma nova palavrinha, muito em voga, por aqui, mas velha, muito, mas muito velha: meritocracia, traduzida e batizada historicamente no individualismo, isto é, “você conquista pelos seus próprios méritos”, e que todos serão ricos e prósperos, se assim procederem, o que pressupõe, necessariamente, liberdade - sem igualdade e fraternidade, o que “de per si”  colide com as divisas que o próprio Kardec nos traz nas obras citadas. Sim, nessa estrutura social o ser é livre... Até onde permite sua condição FINANCEIRA, para fazer ou deixar de fazer.

Tal contradição, dentro da lógica do sistema também foi exposta, tanto pela Teologia da Libertação – doutrina da Igreja Católica que procura trazer os aspectos mais relevantes da passagem do Cristo para a realidade dos católicos - , quanto pelos pensadores mais relevantes do séc. XX, tais como Max Weber, em sua obra “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, que também aponta, com muita propriedade, as contradições entre o referido sistema – em que vivemos – e as posições mais basilares dos primeiros cristãos, isto é, a velha contradição entre o capitalismo e o cristianismo... É bem aquela música,  que diz, com propriedade... “... somos burgueses sem religião...”.

Não vou entrar no mérito dessas contradições; apenas as coloquei aqui para nossas reflexões. Quem quiser aprofundar-se...

Mas, instiga-me a observar um outro lado da conjuntura: declarar-se sem religião e “sem política”, para parecer-se POLITICAMENTE “CORRETO”. Lembro-lhes de que um candidato, na maior cidade do país, venceu as eleições disparado na frente,  em primeiro turno justamente enfatizando seu aspecto de “não político”, “não da política”, “apolítico”, justamente no mesmo diapasão das manifestações de 2013, onde se "detectou" a crise de representação política.

Sim. os números não mentem e contrariá-los seria loucura. Essa "vitória" foi obtida com cerca de 3 milhões de votos, pouco mais, pouco menos de 1/3 dos eleitores... Somados os brancos, nulos e abstenções, estes vencem o referido candidato em quase 200.000 votos... Num universo de quase 9.000.000 de eleitores e quase 15.000.000 de habitantes... A democracia representativa, então, também está em crise... E não é de hoje... Muito em função justamente por conta desse discurso demagógico e asqueroso de "não político", ou "apolítico", que vem tornando-se a mina de ouro de aventureiros e oportunistas de toda a sorte (não é o caso do referido candidato, que sabe muito bem o que faz e a quem deve servir). A quantidade de insatisfeitos salta aos olhos de qualquer observador menos atento.

Somem-se a isso o voto obrigatório, que soi acontecer em um país pouco afeto à democracia como nosso, fomentando o clientelismo, a compra desenfreada de votos e os sortilégios de toda a sorte. 

Isso, sim, é crise de representação! 

Não esse discurso rasteiro de "velha política" ou "velhos políticos", que, facilmente os próprios números desmentem tal falácia.

A título ilustrativo, semelhantemente, um outro candidato, nas eleições de 1996 também, a exemplo deste citado, elegeu-se com esmagadora maioria de votos, com igual discurso e sob as mesmas condições dessa conjuntura. Falo às pessoas que não se lembram, ou que não conhecem: Celso Pitta, o próprio. Demais desdobramentos disso vocês que não vivenciaram ou desconhecem podem procurar na “internet” e verificar o que falo. A única diferença é que, naquela ocasião, o candidato referido quase ganhou as eleições no primeiro turno... Por ínfimos 0,3% dos votos... Naquele dia, caiu um baita toró em São Paulo e eu estava fazendo boca de urna para o partido e a nossa candidata - Luíza Erundina, com um guarda chuvas todo furado e espicaçado, vendo as pessoas, em sua maioria, nervosas para "decidirem logo" no primeiro turno e votar no "Pitta", pois teriam que viajar... Naquela época somente quem tinha muito dinheiro - há 20 anos!- podia dar-se ao luxo de viajar num feriado, e as eleições "caíram" no meio de um. Não era como hoje, que se estabeleceu as eleições no primeiro e no último domingo de outubro. 

Digno de registro, curioso é notar o eloquente silêncio, quanto a tudo isso, dos "experts", dos "analistas", "cientistas políticos", falando sobre as eleições, no domingo e nos dias que se sucederam...

Ora, todos sabemos que, o ser humano, desde que retoma as rédeas de sua vida pratica política, opinando e decidindo, sobre isso ou aquilo, individual ou coletivamente. E por assim fazer, expressa uma determinada corrente de pensamento na sociedade, que, por sua vez, detém determinada representatividade nos cargos de direção dos povos, que não se faz senão através de PARTIDOS POLÍTICOS, que, bem ou mal, queiram as pessoas ou não, expressam essas mesmas correntes de opiniões.... Partido significa “parte”.  Daí, os perigos, dos fenômenos da massificação de determinados aspectos da política, sem a necessária reflexão e, claro, sem a necessária oportunidade de obtermos outras opiniões contrárias àquilo que se expressa como a “verdade”, questão, aliás, basilar de qualquer democracia... Que ainda é o menos pior regime.

É por isso que as eleições tornaram-se, no Brasil, um grande CAMPEONATO de TIMES DE FUTEBOL (futebol que também se tornou um fenômeno de mídia), onde o MEU CANDIDATO, “venceu”... “está na frente”... Para poder sobrepor-se ao outro, insuflando, ainda mais, o ódio, o orgulho e o egoísmo no seio social... 

Pergunto-lhes: Isso é evolução espiritual?

Disse-lhes “candidato”, e não “partido”, pois o brasileiro, em sua grande maioria, vota no primeiro, e não no segundo... EXCETO se for contra o segundo, a exemplo dos paulistas e dos paulistanos... e num específico: o PT. 

Eis aí um outro aspecto de nossa conversa.

É necessário, porém, que façamos uma observação: nessas eleições, salvo em alguns lugares do país, a população votou, na maior parte do país, tal qual os paulistas, pelos motivos que iremos colocar mais adiante...

Sim, o PT, partido no qual militei durante 15 anos. Nunca escondi isso de ninguém e não seria agora que iria ficar, digamos, “em cima do muro”. Não, não sou assim. Antes de o Brasil tornar-se verdadeiro – e os paulistas  também – eu já o era.

O PT e suas contradições, suas brigas, suas discussões, suas tendências internas (será que ainda existem?), suas infindáveis e exaustivas reuniões (será que ainda existem?), as cadeiras voando... as pessoas defendendo a revolução, outras, não, suas idéias, seus ideais... Será que tudo isso ainda existe, por lá, passado tantos anos que de lá saí?....
Sabem, às vezes tenho um pouco de saudades disso tudo... Aprendi muito, por lá e cresci muito. Talvez o grande aprendizado foi RESPEITAR O OUTRO E A OPINIÃO DO OUTRO (para nós, outros, hoje, “do próximo”, substancialmente diferente), coisa difícil, hoje, na sociedade em que vivemos, por conta mesmo dessa “futebolização” da política, já sobredito.

Talvez seja esta a resposta do motivo de eu estar aqui, utilizando o meu blog para poder tentar entender tudo isso. Pelo o que eu tenho visto e, sobretudo, sentido, o PT também ainda não entendeu. E nem tem procurado entender, tamanha é sua soberba stalinista.

Isso nos remete às velhas (aqui entendidas como AS DE SEMPRE) premissas da esquerda clássica, que o PT sempre fez questão de rechaçar: a história da luta de classes, no Brasil e do mundo, suas origens, consequências e atualidade, o que, politicamente, devem ser trazidas à baila em qualquer discussão política de alto nível que se preze no campo da esquerda (sim, ainda precisamos rotular, para melhor entendermos); porque justamente é em cima dessas mesmas discussões que se traçam as estratégias de atuação e de poder de qualquer grupo esquerdista no mundo: análise da atual conjuntura da luta de classes num determinado local, país, mundo.

E o PT, “esquecido” disso, foi com tudo, “botou os pés pelas mãos”, como se diz no populacho, e quase desapareceu, não fosse ainda sua influência em muitos setores das organizações sociais, ou sua “base social”, como falamos na política.

Deslumbrado com o poder – e todas as consequências que lhe são, infelizmente, ainda, inerentes – esqueceu-se (sem aspas... deliberadamente, mesmo) daqueles outros, os mesmos que eles fizeram tão bem em proporcionar-lhes ESPERANÇA, que é tudo o que o ser humano quer: ter ESPERANÇA... 

...No quê?... Vamos refletir sobre isso, mais para frente...

Esqueceu-se de SUA MISSÃO HISTÓRICA, isto é, o motivo pelo qual foi criado: conscientização das pessoas, fazer uma nova política, diferente de tudo o que havia sido feito no Brasil, etc., isto é, ser o que deveria ser: um partido dos trabalhadores... e de trabalhadores. 

Volto-me à primeira necessidade: CONSCIENTIZAÇÃO, a primeira lição de qualquer criatura que aspira ou reconhece-se “de esquerda” e não “da esquerda”, como se diz.

Para quem não conhece, conscientização é justamente ABRIR A MENTE das pessoas, para que elas, de cara, PERCEBAM-SE, como seres humanos, isto é, que elas EXISTEM; depois disso, é preciso que elas TOMEM CONSCIÊNCIA de que a vida delas NÃO DEPENDE SOMENTE DELAS, que vivem, nascem e morrem em sociedade, necessariamente, e que TODOS DEPENDEM DE TODOS, e que NÃO HÁ SOCIEDADE que sobreviva sem isso. Não há estrutura social que sobreviva sem esse entendimento, isto é, que estamos TODOS LIGADOS, uns aos outros, e que por isso mesmo, foi-nos dados os sentidos; e que, principalmente, o OBJETIVO DA VIDA É OUTRO; não é nascer, consumir, procriar e morrer; e que, fundamentalmente, SOMOS ARQUITETOS DE NOSSO DESTINO, e que, para isso, precisamos conquistar a LIBERDADE – de sermos senhores e arquitetos de nosso destino.

Sim, LIBERDADE, conquista-se. Não nos é dada de mão beijada. E, dentro do conceito e definição de LIBERDADE, está contido o rompimento de todos os atavismos que nos prende às nossas “necessidades”, ou "desejos", sempre criadas pelo próprio sistema em que vivemos (porque sem elas ele morre): o tal FETICHE DA MERCADORIA (bens de consumo), onde se inclui também o ser humano como um bem a ser vendido e consumido, que Karl Marx observou muito bem.

O PT achou, então, durante todo esse tempo, que bastava a manutenção dessas estruturas – mais velhas, no mundo, do que “andar para frente” - ,  e que tudo iria dar certo e eles ficariam DEITADOS ETERNAMENTE EM BERÇO ESPLÊNDIDO, “dando as cartas”, aqui, acolá e que, de repente, essa história de luta de classes, no Brasil, não era verdade, e que os mais pobres estariam satisfeitos, insuflando-lhes a moda do consumo desenfreado; e os mais ricos, também, com seus nacos de poder pútrido e viciado, observando tudo e deixando os de baixo ascenderem socialmente...

Veio a periferia das grandes cidades, seu berço, sua estrutura política e eleitoral e, durante esses anos, entrou “de cabeça” nisso tudo, isto é, comprou celulares, TV de led, automóveis, encheram carrinhos de supermercado, chegaram a um curso superior, tiveram uma profissão, viajaram de avião, deixaram de ser domésticas e pedreiros e, consequentemente, de servir aos seus senhores.

E, por outro lado, com suas concessões, em nome da “governabilidade”, através de uniões e práticas espúrias, justamente com aquela velha política e àquelas velhas práticas, achou também que agradava a esses mesmos setores da sociedade - os de cima - , viciados há séculos com o “modus operandi” do poder no Brasil. 

Essa estrutura sufocou-o e embriagou-o de tal forma que eles se acreditaram fazer parte dessa mesma estrutura – corrupta e abjeta – que, repito, HÁ SÉCULOS GOVERNA O BRASIL.  É desta análise – REAL E OBJETIVA - que o PT se furtou, a todo tempo, e a todo custo. Pensou que era elite e sonhou ser ela... O tempo todo... E que ela ia ficar quietinha, sem domésticas, pedreiros, vassalos, criadagem; vendo seus filhos rentear vagas em Universidades, em aviões para o exterior com os filhos dos pobres e negros... E amanheceu sem nada: sem suas principais bases sociais, sem seus princípios éticos (sim, tinha-os), filosóficos e políticos... e, claro, culminando na perda de seu naco de poder...

O PT não só perdeu o poder (político), mas também, perdeu-se: nenhum candidato do partido, pelo menos os mais relevantes, veio a público para denunciar, por exemplo, com medo de perder votos, o golpe de Estado que a população e a democracia sofreram... Votos daquela mesmíssima "classe média" sobredita, que absolutamente nunca o teve por opção ou por escolha livre, ao contrário, sempre procurou, de todas as formas, sabotá-lo e determinar o seu fim (chegando a ponto, inclusive, de sabotar as próprias cidades em que governavam, como na administração da Luíza Erundina, p. ex., quando pagaram verdadeiros meliantes para rasgar sacos de lixo nas marginais, para imputar à cidade de São Paulo com a pecha de suja) - , como ainda ansiosamente e de forma sistemática objetivam. Nenhum deles se identificou com o símbolo, com a bandeira e com os dizeres que os remetem ao partido... Perderam, inclusive, suas próprias referências, objetivando sempre o velho jogo eleitoral (de cartas marcadas, sabemos), como um fim em si, com seu jeito caolho de ler da correlação de forças na sociedade em que vivemos, e, o que é pior, afastando-se das ruas, imantados que estão em seus gabinetes... até 31/12/2016....

Esqueceram-se da luta de classes; que as pessoas tem interesses divergentes na sociedade; que esses interesses NÃO SE MISTURAM, ao contrário de que muita gente pensa, ou sonha (capital e trabalho); e, como diria uma política do nordeste, muito coerente e contemporânea, “lambuzou-se no banquete farto do poder”. Demonstrou, isto, sim, a velha prática stalinista, tão mesquinha, ignorante e burra quanto ao seu mentor, de ter o poder pelo poder e de cooptar as pessoas que pensam diferente, ora pagando, ora “apagando” - esta última, graças à Deus, não chegaram a fazer. Hoje, muitos que lá estão, nem sabem o que isso significa e o que significou não só para o mundo e para a História, mas também para a esquerda – verdadeira e democrática.

Não. Não se assustem. Quando falo em LUTA DE CLASSES, não se assustem. Estou sendo MÓDICO, na expressão. O que se viu, aqui em São Paulo e em grande parte do Brasil, durante todo esse tempo, foi, sim, um ACIRRAMENTO dessa luta de classes, com ímpetos de rompimento entre amizades, pessoas, Estados brasileiros, cujo término está, ainda, muito longe de chegar, com suas consequências imprevisíveis, do ponto de vista da organização social.

Iniciou-se e continua sendo um período em que se disseminou um ódio ferrenho, tanto de classe, quanto com relação aos indivíduos. Esse ódio, latente em nós durante séculos apenas foi despertado por essa massificação de informações e deformações (quem conhece a verdade das coisas?), com essa mistura do "meu time" e do "meu candidato", insuflando as más paixões que ainda predominam em na nossa natureza animal. 

Qualquer opinião - como esta que lhes endereço - contrária ou mesmo que pontua esse ou aquele porém, dentro desse verdadeiro massacre que houve - e continua  - , que imputa a esse grupo político como "os únicos ladrões", ou "inventores da corrupção", é tida como se nós, que temos essas opiniões contrárias a esse quase uníssono, porque não formamos opinião, nem com a "maioria", nem muito menos com a mídia de imprensa que sabemos tem seus interesses e manipula as informações de acordo com esses mesmos interesses, é tida como se nós estivéssemos e fizéssemos parte das mazelas administrativas praticadas por esses indivíduos, que a História dirá, se são ou não culpados ou inocentes.

E, como o ódio é cego "esquecem-se" que, também, seus "candidatos" e seus "partidos" igualmente chafurdam no lodaçal da malversação dos recursos públicos, de há muito tempo. Então, tornou-se aquilo que conversamos com algumas pessoas, de que "o meu ladrão favorito" pode roubar, mas o "PT", não, o PT não pode roubar. Percebam que a grita longe está de ser contra a corrupção, a favor da moralidade e da boa gestão dos recursos públicos. Digo-lhes isso, para que possamos entender que isso faz parte da história da luta de classes no mundo. Adolf Hitler subiu ao poder na Alemanha - PELO VOTO - justamente com esse tipo de discurso, de ódio e de falso moralismo (para nós outros, os velhos fariseus de sempre); Bennito Mussolini, também. 

Que EVOLUÇÃO, pergunto, é esta? Que RENOVAÇÃO é esta? Que VALORES são estes?

A propósito, Victor Hugo, em sua obra PÁRIAS EM REDENÇÃO*, livro editado pela FEB - Federação Espírita Brasileira, vem trazer a nós todo o perigo dessa disseminação de ódio e rancor e o quanto isso é pernicioso. Tenho dito que o ódio nada constrói e tudo o que supostamente é construído por ele, destrói-se por si só. 

Vamos abrir um parênteses na nossa conversa, para entendermos o que referido autor nos traz, através da mediunidade de Divaldo Pereira Franco:

"O ódio é semente de destruição, que ressuda tóxico corrosivo a aniquilar interiormente. Aqueles que não alcançados pelas suas nefandas e morbíficas destilações de tal forma se impregnam que somente o mergulho em novas formas carnais consegue diminuir a mortífera emanação. Desenvolvível no homem, por processo de educação deficitária, desde a mais tenra infância, na qual se injetam os germes do egoísmo, da prepotência, da vaidade, muito facilmente medrarão os princípios da ira, que se transforma em rancor, logo tenham desconsiderados seus propósitos inferiores. Em toda parte, os semens do ódio se encontram latentes, considerando-se que na Terra, ainda, a força do instinto predomina sobre as manifestações da inteligência e do sentimento, numa conspiração formal contra a evolução do ser e sua consequente libertação das amarras primitivas.".

"Enquanto predomina a natureza animal, em detrimento da natureza espiritual, o homem se aventura na posse indébita dos favores transitórios e promove a guerra, exteriorizando os princípios selvagens que ainda vigem no seu ser. A impiedade se manifesta desde cedo, nele, mediante a indiferença pela dor do próximo e, se por acaso é convocado à justiça para selecionar os criminosos, em defesa dos cidadãos probos e corretos, aplica a lei não como correto e processo de reeducação, porém, na forma de punição e vingança, como se a justiça fosse exclusivamente cirurgiã e não processo retificador de educação e disciplina, em que o amor deve preponderar. A violência medra porque há clima propício para rebeldia e o ódio se instala porque encontra reciprocidade na atmosfera moral das criaturas. Quantas vezes, ante as calamidades, as tragédias ou as injustiças de que alguns são alvo, cidadãos pacatos se rebelam, dando vazão a sentimentos que já não se aceitam sequer nos bárbaros?! Quantas pessoa de siso e dedução se revelam vândalos, desde que estejam a sós ou se acumpliciam em malta, instigados por nonadas que lhes açulam as manifestações primárias?! Por essa razão, a paizão de qualquer natureza deve ser motivo de disciplina pelo homem de bem. Nem a indiferença ante a aflição do próximo, nem a exacerbação pelo sofrimento injusto. Moderação é medida preventiva para os estados que a patologia, nos estudos psicológicos, examina como capítulo básico da degenerescência do homem. Quando rutilarem as morigerantes lições do Cordeiro, na Terra, o ódio e seus sequazes baterão em retirada, dando lugar ao clima de amor por Ele preconizado e vivida até a cruz". 
*(p 88/89, 2ª ed., RJ, 1976).

Por isso que lhes chamo a atenção, que POLÍTICA é coisa séria... Assim como futebol deveria ser, mas não é. Mas são a água e o óleo: NÃO SE MISTURAM E NÃO DEVEM MISTURAR-SE.

Num primeiro momento, esses elementos fomentaram tamanha discussão – direcionada, ainda, no calor das paixões futebolísticas – que os mais sensatos não conseguiram tirar uma boa lição disso tudo. Acho que podemos vislumbrar essas boas lições, para todos nós. Pelo menos, tudo ficou às claras, para todos nós: “reis”, “rainhas” e vassalos ficaram NUS, uns diante dos outros: todos sabem o que todos pensam a respeito de como queremos as coisas. É mais honesto, assim, penso. Para o bem, ou para o mal, o PT teve (e, aviso-lhes, talvez ainda tenha) o seu papel nisso tudo e não chegou ao (parte) do poder à toa, ou por força de determinada circunstância. Chegou porque deveria chegar. E, saiu, também - nas urnas, e não no GOLPE DE ESTADO, ilegítimo, por si só – porque deveria sair. Assim como os outros, que VOLTAM: tem, agora, a vez de VOLTAR (muitos nunca saíram!) e sairão, também, da mesma forma.

Entretanto, não digo que as pessoas, por conta de tudo o que aconteceu, estão mais, digamos, atentas e participativas, como muitos proclamam solenemente. A percepção que se tem é que, com as facilidades de troca de informações – e deformações – houve, sim uma ação incisiva, uma reação quanto a tudo isso. Mas, se entrarmos no cerne desta reação veremos qual ou quais são os móveis que a propiciaram e, pela “voz das urnas” certamente, o que se vê, torno a dizer, é mais um capítulo da luta de classes no Brasil, já exaustivamente colocado acima.

Muitas, mas muitas delas, mesmo, irritam-se com a possibilidade de outros seres humanos terem uma vida digna, de poderem participar do processo social sem serem subservientes, indolentes, objetos dóceis e necessários à determinadas situações e condições (é a isto que chamamos “luta de classes”, ou a dominação do ser humano sobre outro). É compreensível, dentro de uma sociedade estruturada na base do egoísmo, do orgulho, do individualismo e do despeito, tal qual a nossa. O que precisam entender é SERMOS DONOS DO NOSSO DESTINO, LIVRES, FRATERNOS E SOLIDÁRIOS É O DESTINO DE TODOS NÓS. INEXORAVELMENTE, queiram  elas ou não. Este dia virá, pode ser hoje, pode ser amanhã. Mas não escaparemos, e TODOS terão a ESPERANÇA e o direito de serem felizes. Não há chegar a Deus – que é o objetivo de todos nós – senão em vida social (e não em REDE SOCIAL). Ninguém chegará às culminâncias da evolução espiritual SOZINHO. Tirem essa ilusão de vocês, se vocês a tem. Fosse deste modo, Deus criaria um planeta para cada ser existente, o que a lógica racional contradiz, a despeito de muita gente ainda achar que Deus criou o planeta somente para elas...

E que, jamais teremos o mesmo nível de vida a que muitos almejam: o padrão de consumo (que confundem com nível de vida) dos norte-americanos. Seriam preciso 5 (cinco) planetas terras, em recursos, para que todos, todos os 7 (sete) bilhões de habitantes pudessem viver desse modo. Portanto, estamos um pouco distante, ainda, de um mundo de regeneração, que se está a ser construído, e não a esperar “anjos” e “arcanjos”, como num passe de mágica, modificar as coisas por aqui. Não. Não tentem por aí que a coisa não funciona desse modo. Não deixem se levar pelas ilusões da matéria e pelas conversas, por aí, de alguns incautos, de que somente “eu”, que sou “bonzinho” e “não faço mal (a quase ninguém) é que vou me salvar”, e os outros, que “não são pessoas de bem” irão chafurdar e pagar suas torpezas lá no inferno... ou no umbral... E, também, como num passe de mágica, Deus “vai dar um sumiço” nessa turma toda e irão desaparecer do Universo... E só irão ficar nós, “os bonzinhos”...

Vamos, sim, reencarnar quantas vezes forem necessárias e se, pela lei de afinidades, reencarnamos num mesmo grupo social, então...

Eleição, então, é um momento. Triste, para alguns, feliz, para outros. Tomara esteja você, que me lê, feliz por outros motivos; triste, também por outros motivos, que não de uma eleição, com eu já estive, triste ou feliz, por conta de uma simples eleição. Adquiri até uma gastrite, por conta disso. Isso é muito ruim. Não lhe desejo isso. Aprendi, a duras penas, a ser feliz, independentemente das circunstâncias. Mesmo vendo as pessoas passarem fome; sem ter onde morar; mesmo vendo a iniqüidade prevalecer; mesmo vendo as injustiças acontecerem; mesmo vendo o sofrimento moral de muita gente; mesmo vendo a solidão de muitos; mas aprendi, não a duras penas, mas aprendi, sinceramente, que se trata de um momento transitório, e que todos nós seremos felizes, ainda aqui, na terra; não totalmente felizes, por que, aqui, isso não nos é possível: requer-se um estado permanente de felicidade, somente granjeado pelos Espíritos puros, que é o nosso destino. E jamais poderemos ser plenamente felizes, enquanto tudo isso, ainda, permanecer, por entre nós. Todos nós precisamos modificar-nos, isto é fato. Mas o mundo também precisa. E ele não é nosso destino, nosso fim, senão apenas um momento da nossa Existência, dentro da Eternidade. Acreditem. Nós conseguiremos.

Mês que vem vamos tentar falar um pouco do final de 1966, de suma importância para o rock e para os Beatles, que, há 50 anos, começavam a criar o maior disco da história...

Até breve, e um forte abraço ao meu amigo André Okuma, que me inspirou a escrever sobre essas coisas... E minha esposa, que esperou eu digitar esse "textão". Estava mesmo precisando, principalmente descobrir porque isso tudo ainda mexe comigo. Ah, a política... Tomara finalmente tenha superado tudo isso dentro de mim, já que a política partidária foi embora há muito tempo. Ainda bem. Acho que isso faz mais mal do que bem, para mim. Vamos aguardar esses processos internos.


















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