Boa
tarde a todos!
Satisfeitíssimo
de voltarmos neste blog para conversarmos acerca de dois aniversários pra lá de
históricos:
50
anos do “single” “Paperback writer-Rain” e, claro, os 50 anos de REVOLVER,
lançado no dia 5 de agosto de 1966.
Nesse ínterim que passamos sem postagens tivemos várias mudanças com relação à última: hoje moramos na cidade de Santa Cruz da Conceição-SP, há mais ou menos
Também
houve um golpe de Estado no Brasil – mais ou menos em maio-junho deste ano.
Quem diria que a história novamente iria repetir-se... Como tragédia e farsa!
Bem,
como a democracia corre sérios riscos, hoje, no Brasil e a liberdade de
expressão também, vamos aproveitar para conversarmos e utilizarmos uma
ferramenta indispensável para colocarmos os BEATLES novamente em seu devido
lugar: A maior banda de rock de todos os tempos... E tenho dito!
Cansados
da Beatlemania e de tudo o que ela representava, os Beatles, a partir do
lançamento de RUBBER SOUL decidiram “dar um tempo” em toda aquela coisa em que
viviam, desde 1963: estúdio, fotos, entrevistas, rádio, etc, etc.
Foram
para sua última turnê – primeiro semestre de 1966 – e, a partir daí jamais
voltariam a se apresentar em shows... Quebrando o “protocolo” com um showzinho
“básico” no telhado do prédio da Apple, na Savile Row, no centro de Londres, em
janeiro de 1969, onde lá estivemos no ano retrasado – 2014.
A porta do antigo prédio da Apple... |
Local do último show dos Beatles... No telhado! |
Há quase 50 anos esse pedaço de Londres quase parou... |
Esquina da Savile Row... |
Aspectos da Savile Row, na tarde de 12/08/2014... |
Prédio vizinho ao da Apple... |
O
show no Candlestick Park, então, representou o último, nesse formato
convencional, que depois todas as bandas acabaram copiando. Agora, subir no
telhado e dar uma “canja”... Estou para ver quem “tem a manha”...
A
partir disso, toda a música do quarteto foi desenvolvida em estúdio. E para ser
tocada em discos, não em concertos.
Outro
ponto fundamental para essa mudança de comportamento foi, claro, as
perspectivas que foram desenvolvendo, a partir do crescente aumento de consumo
de drogas – principalmente a maconha – e, claro, com a introdução do LSD.
O
contato com a arte de vanguarda – é só vermos a capa de Revolver - , com a
nascente contracultura, com outras bandas, principalmente os Byrds e os Beach
Boys (estes últimos depois das musiquinhas sem graça de surf music, com a
proeminência de Brian Wilson no grupo), isto é, com o outro lado do atlântico –
notadamente com a galera da Califórnia.
Paul,
o beatle mais aparentemente comportado, foi o que mais se deixou influenciar
por todo esse contexto (exceto com relação às drogas, principalmente LSD, parte
que Lennon superou-o e muito): Em meados do segundo semestre de 1966, ele já
havia feito contato com quase todo o submundo (underground) londrino, onde
bandas como o Pink Floyd (a minha segunda banda), o Soft Machine e o The Move
já eram os queridinhos da galera londrina que – se dizia – ESTAVAM LIGADOS.
Londres
era, portanto, em 1966, a
“cidade do momento”, onde todos queriam estar: Jimmy Hendrix deixou os EUA (que
não lhe davam bola), em 1966, para ali ser a estrela que hoje todos nós
conhecemos. E por aí vai...
A
Carnaby Street, no Soho, bairro londrino, era o “point” onde os “freaks” se
encontravam para “estarem ligados”. Estive por lá em 2014 e comprei uma
camiseta do THE WHO, para mim... Foi emocionante!
A histórica Carnaby Steet... Com arco e tudo!!! |
Aspecto da loja onde comprei minha camiseta! |
Cheio
de energia e com a juventude pulsando, Londres – muito, mas muito mais que São
Francisco – era “o lugar”.
Neste
mesmo ano, só para termos uma idéia, a Inglaterra ganhou a Copa do Mundo, que
ela mesma sediou... Os ingleses estavam eufóricos!
É
neste ano, também, que iria surgir uma das lendas do rock: o CREAM, com seu
blues semi-psicodélico que virou Londres de cabeça para baixo, e que se tornou
uma das maiores bandas da história, com uma das carreiras mais curtas, também –
acabou em 1968, num show bombástico no Royal Albert Hall, mostrando toda sua
fúria ao vivo, para deleite dos londrinos – bem melhor, aliás, que dentro do
estúdio, “amarrados” dentro das músicas de três minutos...
Com
essa cena posta, era difícil você prever o que iria acontecer com aqueles que
ditavam os rumos do rock (e sempre ditaram): sumidos, escondidos: John, foi à
Espanha, dar uma de ator; Ringo tirou umas férias; George começou a aprofundar
seu interesse na cultura indiana; e Paul – sempre ele – bisbilhotando a noite
londrina.
Antes,
porém, em junho de 1966, os Beatles lançam o compacto “Paperback writer-Rain” e
dizem mais ou menos como seriam suas músicas doravante: Escritor de brochuras...
Falar sobre o tempo, estado da mente, efeito de drogas psicodélicas... Muito
diferente do menino que ama menina – menina que ama menino dos tempos da
Beatlemania...
Eles
sabiam que se ficassem somente no “YEAH, YEAH, YEAH” certamente perderiam o
bonde da história e não seriam nem um décimo do que hoje representam.
É
nesse clima que surgiu Revolver: o mundo começava a mudar, a partir de um novo
comportamento pessoal e social e os Beatles, porta vozes de uma geração
inteira, não poderiam ficar para trás.
Contracapa do meu exemplar inglês, mono da caixa mono... |
A
capa de Revolver foi desenhada por um antigo amigo de Hamburgo: Klauss Woorman,
que depois viria a tocar baixo na Plastic Ono Band – de péssima lembrança para
todos nós...
O
disco começou a ser gravado com a música “Tomorrow never knows”, onde John vem
trazer para nós as percepções do mundo psicodélico, com a perspectiva do fim do
“eu”.
Foi,
até então, a faixa mais estranha e experimental dos Beatles e foi colocada no
último lugar, do lado dois do disco.
Como
ele havia composto a música e não sabia qual nome – sugeriu “The void” –
tirou-a de mais uma das frases engraçadas de Ringo (como “a hard day’s night”).
Ouvi-la
em MONO, como foi concebida, é uma experiência singular... Simplesmente maravilhosa!
É
em Revolver, também, que se começa às menções às drogas nas músicas: Se em “Day
tripper”, John suscitou algo, aqui eles escancaram de vez as recentes
experiências com LSD: “I’m only sleeping”, “She said, she said”, “Dr. Robert”,
“Got to get you into my life” são claros exemplos dessas experiências, apesar
desta última fazer menção “apenas” à maconha.
É
fácil de perceber como as expressões deles mudaram, quando assistimos aos
clipes dessa época...
Revolver
há de desaguar, necessariamente, em Sgt. Peppers.
Entretanto , Revolver é mais, digamos ACESSÍVEL do que o
último e hoje é considerado por muitos superior a Sgt. Peppers.
Certamente,
depois de Revolver, o rock and roll jamais foi o mesmo. O que se sucedeu após
ele, foi o rock dos anos 1970, 1980 e 1990... Paro por aqui. O rock, hoje,
encontra-se numa grande encruzilhada, como música e como comportamento. A
juventude não mais procura respostas: encontra-as na “internet”. O rock não é
mais a resposta dos jovens; não é mais um modo de comportamento: é apenas mais
um modo de se fazer música e sucesso, para conseguir fama e dinheiro...
Igualzinho à antigamente, mas antigamente não tínhamos as respostas... Porque
tínhamos perguntas...
Por
isso é que se dá um golpe de Estado no Brasil, em pleno séc. XXI e as pessoas
agem como se nada tivesse acontecido... Ou parte delas o apóia... Tudo dentro
de uma certa “normalidade”, desde que, claro, os golpistas mantenham o poder de
consumo (de celulares) e a energia elétrica, para viabilizar a “internet”... Inteligência
que o governo deposto soube cultivar e alimentar durante enquanto lá esteve,
com seus objetivos meramente eleitoreiros... Acreditando piamente que as
(velhas) elites brasileiras iriam aguentar, por mais algum tempo, os pobres
comprando carro(s), viajando de avião, comendo carne, estudando em
Universidades e frequentando “shoppings”...
Bem,
dito isso só nos resta o rock and roll e os Beatles, para curarmos a ressaca,
aqui em Santa Cruz
da “Isolação”... Digo, Conceição!
Recentemente,
também, inaugurei minha “sala de som”, aqui no interior... A trilha de
inauguração não poderia deixar de ser, claro, Revolver, em mono!... melhor do
que qualquer Olimpíada!!! (Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro...).
Os "meninos" e parte de minha sala de som... Os dois monos à esquerda, e os dois estéreos à direita... nacionais e ingleses... |
Foi
um prazer voltar a escrever novamente e, quiçá, possamos estar aqui novamente,
com liberdade de expressão e com, claro, os Beatles...