terça-feira, 5 de abril de 2016

UMA CARTA - PREMENTE









Você nos pede que encontremos (juntos?) uma solução para um problema familiar – muito, mas, muito mais comum do que a gente imagina.

Penso que precisamos CONHECER BEM o problema (e ele existe, no meu pobre entender), para poder solucioná-lo e, se não conseguirmos – ATENTE-SE PARA ESTA HIPÓTESE REAL - , que encaminhemos e administremos da melhor forma possível.

Conhecer aquilo que se quer mudar, transformar. É como aquela reforminha básica em nosso banheiro: quebra daqui, derruba dali e eis que... chuáááá! Peguei um cano!!! Não é mesmo? E entramos pelo cano! Assim, a vida, assim os seres, as coisas, os humanos.

Objetivamente, nós, seres humanos, dotados de pensamento contínuo, que nos difere dos outros seres vivos, com o passar do tempo vamos desenvolvendo algo que se chama, sem querer ser repetitivo, DESENVOLVIMENTO DO SENSO MORAL, que nada mais é do que SABER A DIFERENÇA ENTRE O BEM E O MAL (substantivos, diferente de BOM E MAU, adjetivos... Depois lhe explico o porquê dessa intervenção).

Como eu ia dizendo, vamos desenvolvendo nosso senso moral, a medida que nós vamos crescendo, física e espiritualmente. É a vida, é a evolução, inexorável para toda a criação de Deus.
Vamos deixando nosso primitivismo de lado, nossas manias e caprichos materiais para trás (ah, como somos caprichosos... Cheios de caprichos...) e vamos adquirindo esclarecimento espiritual, acerca do nosso papel neste mundo de meu (nosso) Deus: QUEM SOMOS, DE ONDE VIEMOS, PARA ONDE VAMOS E O QUE ESTAMOS FAZENDO AQUI... Aquelas perguntinhas básicas, que só fazemos quando perdemos a esperança: naqueles momentos, quando nos chega a velhice (desamparada ou não) meditativa experiente (às vezes, não!), quando algo de grave acontece-nos no decorrer de nossa existência (sim, existência... A VIDA é a VIDA ESPIRITUAL... Por ora, no corpo de carne, EXISTIMOS... Eu ESTOU ALEX... Eu sou ESPÍRITO, imortal... até onde sabemos! Amanhã, em outra EXISTÊNCIA certamente não mais serei ALEX, não obstante carregar a bagagem desta de tantas outras existências... Em uma nova existência...)...

Dito isto, que também nada mais é do que autoconhecimento, passemos a procurar entender (porque, conhecer já é algo mais profundo) o outro, ou o próximo... Que é sempre o próximo que está mais próximo... Muitos religiosos pensam em ajudar ao próximo distante , esquecendo-se do próximo próximo , de dentro de casa.

Fácil, não? Quem tem a receita do bolo? Parece delicioso – e é! – mas... Como prepara-lo sem receita e deixa-lo saboroso?

Dir-lhe-ei que não é fácil. Fosse fácil, qualquer um faria. Temos que lutar, por primeiro, contra o nosso ENORME e ONIPRESENTE EGO (egoísta vem daí), que é, sim, um DEFEITO gravíssimo: ter EGO é DEFEITO, e não VIRTUDE. Veja, com o desenvolvimento do senso moral vamos aprendendo também a discernir VIRTUDE de DEFEITO; vamos aprendendo a ter noção de VALORES, e, principalmente, a não INVERTÊ-LOS.

Outro ponto, não menos importante, é a questão do nosso ORGULHO, que é PAI do outro; este é a grande mazela dos espíritos encarnados hoje, em nosso sofrido planeta. Ah, o nosso orgulho... Se soubéssemos o quanto nós representamos para economia do Universo... o que nós representamos perante à nossa pequena galáxia (uma das menores), que possui bilhões de planetas... MENOS QUE UMA CABEÇA DE ALFINETE. E a gente se acha... A maior invenção depois do arroz à grega (chamando Dr. Arroz “agrega”, chamando Dr. Arroz “agrega”...)...

Esse orgulho é quem faz com que a humanidade não avance... Que impede a nossa felicidade espiritual – A ÚNICA REAL E IMPERECÍVEL; é contra ele que Jesus lutou e luta, ainda hoje, para ajudar-nos...

E a nossa tola VAIDADE, então?... Alimenta aqueles caprichos que lhe disse alhures...

Quando a gente começa a trabalhar esses temas internamente – E NÃO NOS OUTROS – damos um passo enorme para começar a encaminhar algumas soluções para alguns problemas que enfrentamos no palmilhar de nossa débil existência. Disse – NÃO NOS OUTROS, porque temos a tendência, por conta de nossos três principais DEFEITOS – ORGULHO, EGOÍSMO, VAIDADE – de achar que as coisas ruins que nos sucede ocorrem POR CONTA DOS OUTROS... Os outros são sempre os culpados pela nossa desdita; nós somos (e não estamos) sempre prontos a nos declarar AUTORES E RESPONSÁVEIS pelos nossos acertos, pelas nossas vitórias... Mas quando erramos... Ah, a culpa é dos outros...

Perceba que não é minha intenção apontar o dedo para ninguém, muito menos para você, que é meu irmão e que eu amo; muito menos OLHAR NO RETRORVISOR, para, também, apontar esta ou aquela falha, defeito, desídia de quem quer que seja: o que foi feito, está feito. É IMUTÁVEL. Olhemos para o agora e para frente, se quisermos atingir a qualquer objetivo que você queira buscar.
Então, vamos percebendo que os conceitos substantivos de BEM e MAL e os conceitos adjetivos de BOM e MAU também vão se tornando claros e límpidos em nosso horizonte. Penso que, por aqui, há uma diferença substancial e que pode ajudar e muito ao nosso mister.

Que tal desta forma: Nem tudo que é BOM, faz BEM, ou faz O BEM; nem tudo que é MAU, faz MAL, ou faz O MAL... Podemos, ainda, avançar para: Tudo que é BEM, é BOM, ou tudo que é DO BEM, é BOM; tudo, mas tudo mesmo, que é MAL, faz MAU, ou é DO MAL. Tendo esta clareza, acredito que dá para avançarmos mais um pouco.

Conforme o tempo passa, as coisas se nos relativam: tudo na nossa vida passa a ser muito relativo; aprendemos, a duras penas, que há uma única “coisa” absoluta: Deus. O resto, é tudo muito relativo, E SOFRE ALTERAÇÕES ao longo do tempo. Explico: há TRÊS ELEMENTOS ESSENCIAIS NO UNIVERSO: DEUS, ESPÍRITO E MATÉRIA. O primeiro, o Criador de todas as coisas; o INFINITO, não teve começo, não terá fim; os outros dois, as criaturas são os elementos que nos constituem: ESPÍRITO E MATÉRIA. O primeiro, Deus escolheu para PENSAR - pensamento contínuo, lembra-se?... A propósito, já tentou PARAR DE PENSAR, por alguns instantes? Não vai conseguir. Ninguém consegue. Nós pensamos o tempo todo. É a atividade POR EXCELÊNCIA do espírito. Penso, logo existo, disse o outro, com muita propriedade e acerto. Já a matéria, não obra por si. Diga para a cadeira sobre a qual você está sentado agora, para que ela vá até ao telhado e lhe traga um pipa que acabou de boiar ali. Não vai, não é mesmo? É que ela obedece a um comando de quem PENSA: Se você quiser joga-la ao telhado, se tiver força para tanto, ela irá... SOB O SEU COMANDO. Mas, com certeza, NÃO LHE TRARÁ O PIPA QUE LÁ ESTÁ. Vou mais longe e digo-lhe que ela pode, ao cair no telhado, rolar e cair na sua cabeça, pela sua incúria de determinar algo a alguém que não age, não pensa por si.

Diferenciados alguns pontos, passemos adiante. Passemos, agora, àquelas perguntinhas, que desde os primórdios do pensamento humano todo mundo, um dia, vai fazer: quem sou eu, de onde vim, para onde vou, o que estou fazendo aqui.

Isso é fundamental para que possamos refletir com frieza nas soluções que buscamos.
Quando nós entendermos qual o nosso PAPEL neste momento, neste lugar, nesta hora, aqui, começamos a dar um passo muito grande para um MUNDO MAIOR.

“O que me cabe?”, ou “O que posso fazer?”... Há diferenças... sutis, mas há...

Na primeira, NÓS JÁ SABEMOS NOSSO PAPEL. É um grande passo; na segunda, muitas vezes, não. Digo MUITAS VEZES, porque muita gente até SABE O QUE LHE CABE, mas... Bem, o enfoque, aqui, SOMOS NÓS, não os OUTROS.

Quando a gente se ABRE dessa forma – e, saber o que lhe cabe é justamente isso, isto é, é quando DEUS percebe que NÓS ESTAMOS NOS ENCONTRANDO. Estranho? Não. É sempre um processo DE DENTRO PARA FORA, e não o contrário. Os elementos para nossa felicidade, ou para nossa desdita ESTÃO DENTRO DE NÓS MESMOS. É por isso que se diz: DEUS ESTÁ EM TODA PARTE E IMANENTE, isto é, dentro de nós.

Esse ENCONTRO CONOSCO MESMOS (fica esquisito, mas fica bom!) é o LIMIAR de um MUNDO MELHOR, para nós e para as pessoas – O PRÓXIMO – que nos cercam... O próximo que está próximo...

Muitas coisas ficam para trás, muitas páginas hão de ser viradas... Lembra-se do retrovisor? Então... A gente vai procurando a NOS ENTENDER, pelo menos UM POUCO, nesse mundo louco, mas muito legal e que eu gosto, primeiro porque sou feliz (RELATIVO, lembre-se... FELICIDADE REAL É A DO ESPÍRITO... Por isso disse Jesus: “Meu Reino não é deste mundo”... Nosso reino não está neste mundo.), segundo porque as pessoas que convivo também acreditam nisso e igualmente são felizes.

Não se importe de deixar coisas, situações e pessoas no passado. Tudo passa, tudo DEVE passar. Não lhe fará falta alguma, tenha certeza.

Acredito sinceramente no bem e nas pessoas, mas não podemos caminhar com elas, em determinados momentos de nossas vidas; acredito que determinadas situações fizeram a nossa felicidade ou a nossas lágrimas caírem, mas daí ficar com elas, repeti-las, porque nos deixaram tristes ou alegres...; e o que não dizer das coisas, de o quanto somos APEGADOS a elas... Como pronunciamos o pronome possessivo sempre na primeira pessoa do singular (claro!): a minha bolsa, o meu paletó, a minha casa, o meu pé... Para estendê-las às pessoas, então, não fica difícil: o meu pai, a minha mãe, o meu filho... Que confusão!!!

E o apego, então, que temos com relação aos outros... É! Também nos apegamos a eles: o que dizem, o que fazem, o que pensam... Quanta coisa, hein?...

André Luiz, em um livro maravilhoso que se chama ESTUDE E VIVA, cuja psicografia é de WALDO VIEIRA E FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER ensina-nos que: “O que as pessoas fazem, o que as pessoas dizem, o que as pessoas pensam, é problema delas, não nosso”. Só umas licença poética, para refletirmos...

Vamos, então, trazendo ELEMENTOS para que você e todos nós possamos refletir um pouco sobre isso tudo que se está passando por aí... E, o que não é menos importante, TUDO O QUE SE PASSARÁ DORAVANTE...

Penso que seja um bom começo e que possamos dar continuidade a esse papo.

Sabe, dei aulas de Espiritismo durante seis anos nas Casas André Luiz. Acredito que eu tinha muitos “alunos” com esse tipo de problema a ser resolvido... E tinha mesmo... Não tinha, não tenho e jamais terei a pretensão de ajudar a ninguém, de mudar ninguém (o que dirá a política, em minha vida). Uma coisa aprendi, durante todos esses quase quarenta e dois anos de vida: nunca consegui mudar ninguém: se o cabra não acreditasse em espírito, não era eu que o faria acreditar, sabe? Minhas aulas eram bem esse tom, libertador, que o Espiritismo e o Socialismo me deram. É o mundo ideal, a sociedade do futuro, é como os Espíritos se organizam do lado de lá. Aprendi a gostar de libertar as pessoas, de seus medos, ansiedades, traumas, perseguições, manias, defeitos, crendices tolas, etc...  Aprendi com os Espíritos superiores e com os quais me comunicava – e procurava ouvi-los muito - justamente isso: o respeito ao livre arbítrio: o Espírito sopra onde quer... Claro, a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória...

Aí você me pergunta... E o limite? Quem o impõe? O uso do livre arbítrio é diretamente proporcional ao desenvolvimento do senso moral: quanto mais o homem sabe a diferença do bem e do mal, mais tem liberdade... E sofre suas consequências, boas ou más, dependendo do que faz com ela.
Uma boa hora para trazer coisas boas em minha mente... Agradeço-lhe sinceramente...

Por falar em aulas, etc., às vezes meus alunos pediam esse “feed back” comigo e eu fazia com prazer. Claro, guardadas as devidas proporções e situações, você não é meu aluno e eu não estou mais dando aulas, a despeito de continuar a estudar o Espiritismo... Sim, a vida é um constante estudar... Aproveito os poucos minutos que me sobram da hora do almoço para fazê-lo. As demais, ocupo-me em me ocupar com a minha esposa, carecedora de minha atenção, já que a recíproca é verdadeira... Ainda que não fosse... Mas sempre tenho tempo para conversar sobre essas coisas... A gente arranja tempo sempre que a coisa se nos torna prazerosa... Ou quando a fazemos prazerosa, na maioria das vezes...

A vida, aqui no interior, é um pouquinho mais suave que aí, na Capital estressada... Aqui, a cidade não o é, mas as pessoas, em sua maioria, sim... Ambiente não faz o monge, assim como o hábito... Pensam estar numa “grande” cidade, onde as coisas devem ser resolvidas num piscar de olhos (num lugar onde tudo, absolutamente tudo fica a dez minutos de distância, um de outro... andando bem devagar, como eu...), naquela correria... Correndo atrás de quê?... Aliás, a gente muito aprende observando os outros...

Preocupados que estão, porque agora os pobres viajam de avião, comem, assistem às novelas, tem automóvel, conseguem pagar o aluguel, tem casa, fazem amor, faculdade, escovam os dentes, tomam café da manhã, almoçam, jantam, falam mal do governo, torcem para o Corínthians (bem, isso eles sempre fizeram!), dormem em lençóis limpos comprados nas Casas Pernambucanas, em camas mais firmes, fazem churrasco no final de semana, vestem roupas do shopping, tomam casquinha do Mc Donalds... Oh, meu Deus, quanta preocupação! Deus salve o nosso país... Graças a Deus o impeachment vai sair...

Quase todo mundo vivendo como quase todo mundo. Acho que as pessoas querem quase a mesma coisa: uma casa, carro, cachorro, filhos (um menino e uma menina, de preferência que, depois, não sejam gays ou lésbicas! Já pensou? Que decepção!!!), e um vizinho que não incomode, é claro!

Muito bem: era o que tinha a lhe dizer. Não vou entrar no mérito disso ou daquilo, não. Penso que não é dessa forma que nós vamos achar aquela solução que tanto você quer; muito ao contrário, ninguém apaga fogo com querosene, não é mesmo?

Estamos à sua disposição, para esclarecimentos, etc. Outros elementos que lhe podem ajudar podem ser trazidos à baila pelos nossos queridos seis outros irmãos, não tenha dúvidas. Aguardemos, com muita fé e esperança em dias melhores. Oremos sinceramente, porque DEUS jamais nos desampara, e enxerga o fundo de nossos pensamentos e o nosso coração e sabe o quanto Ele pode confiar em nossa capacidade de superação – de nós mesmos – e crescimento espiritual; confie, busque ajuda junto ao seu amigo espiritual, ou anjo da guarda... Não digo isso porque ANJOS não existem, mas é só para você me entender melhor: todos nós, ao volvermos para a terra, temos um companheiro espiritual encarregado de velar por nós e nos acompanha, alguns durante muitos séculos... Confie. Todos nós somos muito frágeis, com nossas debilidades espirituais e necessitamos de ajuda... Todos nós... 

E olhe que sou um cara que gosta de música velha, música de maconheiros e viciados em LSD, etc..

Até lá.
Pirassununga, 5 de abril de 2016.