Bom dia,
Aproveitando esse clima “monástico” (som MONO, para nós, outros!!!),
vamos dando continuidade as nossas homenagens à maior banda de rock de todos os
tempos. 1965 é mais um marco na história
do rock e dos Beatles.
Sessão de fotos do show no London Palladium... Saudades de lá!!!! Quem diria que, um dia, eu iria entrar lá dentro, no palco do início da Beatlemania!!!! |
Saímos de 1964 com os rapazes de
Liverpool extenuados, numa rotina excruciante.... Entretanto, o sucesso e a
responsabilidade (ainda) não pareciam pesar sobre suas costas. Basta ver que, a
partir desse ano inicia-se a fase mais produtiva da banda – e historicamente –
do rock e que, certamente, jamais voltaria a acontecer.
Então, 65 começa com o single “Ticket
to Ride”/Yes it is”, lançado na Inglaterra em 9 de abril de 1965.
“Ticket to Ride” disputa, sem dúvida
nenhuma, com “You really got me”, dos Kinks como a gravação pioneira do gênero
que iria fazer sucesso e desencadear uma avalanche de camisetas pretas,
acessórios – ora de luta, ora de tortura, ora de sado masoquismo... Tudo muito
esquisito (na minha opinião), que encontramos comumente neste imaginário e às
pencas na galeria do rock, lá na 24 de maio, “point” também desse tipo de “tribo”
- todas expressões recorrentes destes dias em que escrevo aqui - na segunda
metade dos anos 1970 e anos 1980 e seguintes: o Heavy Metal: Um riff constante
e insistente, alongado e pegajoso, sustentado
Single original, made in U.K. |
A propósito, é, no mínimo risível
ver alguns usando camisetas pretas de bandas de rock que nada tem a ver com
heavy metal: Pink Floyd, por exemplo....
Então, os Beatles acabaram, sem
querer, impulsionando mais um modismo!
Apesar de seus vocais principais
serem feitos por John, essa música tem a participação de Paul também, na
composição.
Ela foi usada nas cenas do filme “Help!”
(objeto da próxima blogagem), em que os Beatles estão na neve austríaca.
Há duas versões oficiais inoficiosas
sobre a origem da letra: uma de Paul, que quase confirmou a versão de fãs
americanos da época, de que se referia sobre uma passagem da British Railways para a cidade de Ryde, na
ilha de Wight; outra, de John, de que, nos tempos de Hamburgo, havia uma
espécie de cartão para as prostitutas de lá, declarando que não tinham nenhuma
doença venérea. Daí... Foi lá que John cunhou a expressão “ticket to ride”,
para referir-se sobre tais cartões. E, como ninguém bateu o martelo sobre nada,
permanece no campo das hipóteses e das lendas que giram em torno dos Beatles.
“Yes it is”, o lado “B” do single
é, para mim, é uma das melhores canções
deles, a despeito de John, seu autor, ter dito, anos mais tarde depois de sua
composição, estar envergonhado de escrevê-la, uma vez que “era uma tentativa de
reescrever “This Boy” (outra bela canção, já objeto desse blog), uma vez que
elas tinham os mesmos acordes, harmonia e ‘falatório sem sentido’”.
Cópia made in U.K. original, para "promoção": da época em que as pessoas ainda ganhavam discos, em rádios, etc... Chique, hein?... E, RARRRRÉÉÉÉÉÉÉÉMIMO!!!!! |
Se, para John a canção “não
funcionava”, para nós, fãs, ela é maravilhosa e, não por acaso, chegou fácil,
fácil ao primeiro lugar na Inglaterra e nos EUA, juntamente com Ticket to Ride.
Essa trica de John com as canções
de amor dos Beatles começou depois que ele conheceu e conversou com Bob Dylan,
que o reorientou na criação de letras. Anos depois ele foi rechaçando quase que
todas elas, uma a uma, sem dó nem piedade, tamanha era sua necessidade de
escrever e enxergar “coisas mais adultas” e mais “sérias”, do que falar da
garota que não quer ficar com o garoto, que ama outra garota...
Toda aquela histeria das fãs enlouquecidas, combinado, claro, com seus tropeços e desacertos sentimentais corroboraram e muito com tais opiniões, na véspera de seu desencarne. Isso sem falar da necessidade que ele achava (e insistia) de romper com seu passado (não tão distante, assim) de Beatle e todas aquelas coisas.
... Dizzy miss Lizzy (também de Help!)/Yes it is, de outro... Ou seja, Ticket to ride só apareceu em Help!, no Brasil... E este selo é de... 1966!!!, um ano depois... |
Lembro-me de quando eu era
pequeno (também não faz tanto tempo assim!) haviam muitos rumores sobre uma
suposta volta dos Beatles, etc. Claro, tudo para encher e vender jornais,
porque, todo mundo sabia que isso jamais voltaria a acontecer: basta ver “quantas
e quantas vezes” George, Ringo e Paul tocaram juntos, a partir do final de
1969, período em que a banda se desmanchou e, mais ainda, quando do desencarne
de John, em 1980.
Faço esta colocação para os que,
de hoje, tentam ser fãs dos Beatles sem muito conhecer a história deles. Muitos
daqueles que vão a shows do Paul, aqui no Brasil, já me perguntaram o porquê
disso, isto é: Cadê o Ringo... Por que Ringo não é o baterista de Paul; por que
George não é (muitos nem sabe que ele também já desencarnou) o guitarrista de
Paul e essas coisas...
As coisas não foram e nunca foram
tão simples, assim, como hoje em dia, como para as bandas de hoje: nem precisam
ir a um estúdio, para gravar um disco, aturar uns e outros, fazem shows de
qualquer jeito e todo mundo compra seu ingresso na “internet”, que se esgotam
em minutos; chegam no show, tocam muito mal e porcamente e as pessoas gritam e
se descabelam, como se aquela banda fosse a melhor de todas.
Tal como a Capitol norte-americana, a Odeon no Brasil adorava fazer suas seleções esdrúxulas-caça níqueis das músicas dos Beatles... |
Ou, o que não é menos pior: bandas dos anos 1960/70/80, algumas totalmente sem suas principais características (Queen sem Freddie Mercury, p. ex.), outras “sem vocalista” - Deep Purple com Ian Gillan sem voz, sem suas almas Ritchie Blackmore, Roger Glover e Jon Lord; Black Sabbath sem Bill Ward e “sem vocalista”, desde que Ozzy saiu/ficou sem voz, Genesis sem Peter Gabriel (por mais que Phill Collins se esforce...)... Só para citar algumas, que as pessoas pensam estar vendo e ouvindo alguma coisa lá do passado, mas que, com certeza, está muito, mas muito longe dele.
Agora, imaginem vocês: Beatles sem um de seus componentes...
Está bem: um pouco de otimismo: Banda(s) que, mais ou menos, deram “certo” sem sua(s) alma(s): Pink Floyd, por duas vezes: sem SYD, primeiro, e sem Roger Waters, depois; bem, pelo que me ocorre no momento, só essa mesma... Ou um Led Zeppelin, fazendo Celebration Day, com o filho de Bonhann na bateria... Vá lá... Tá.
O resto – e quase todas elas
tentaram e deram-se muito mal: Uriah Heep (completando o “quarteto de ferro”
inglês), Creedence, o meu Yes, quando insiste em tocar sem Jon Anderson, sem
Rick Wakeman... Não dá.
A única de todas, na minha
opinião, que sobrevive a tudo: Rolling Stones, mas, ainda assim, com queda
(despenca!!!) de qualidade... Discos horríveis, desprezíveis... Não dá!
Bem... Na outra semana – semana que
vem estaremos em São Paulo (sem nenhuma saudade, repito!), para o aniversário
da Bebel – estaremos conversando sobre o filme HELP! (gente, sempre que se
referirem ao filme e à música, por favor, coloquem “!”, no final... É assim
mesmo que se deve referir a ambos, porque assim foram escritos e idealizados).
OS: vivemos uma onda conservadora
e reacionária no Brasil sem precedentes na nossa história, já tão farta destas
esquisitices humanas e destes episódios lamentáveis. Estamos observando tudo
isso com muita preocupação. E o
Rock - sempre ele - sempre foi contra principalmente tudo isto e contra tudo isto sempre se levantou. Estamos de olho. E vivos. Falta de Rock and Roll.
Até mais, se ainda houver
liberdade de expressão...
Alex