segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

CHEVROLET OPALA: 50 ANOS!!!!


Boa tarde a todos,

Estamos de volta neste fim de ano para conversarmos sobre os 50 danos do Chevrolet Opala.

Primeira peça promocional do Opala, 1968/1969...




Oficialmente lançado no VI Salão do Automóvel de São Paulo, no Anhembi, que ocorreu durante 19 de novembro a 8 de dezembro de 1968, o Opala foi (e ainda é), sem sombra de dúvida, o carro “dos sonhos” de muitos, mas muitos brasileiros. E foi o meu carro dos sonhos da minha infância, também!


Não sou um entusiasta de automóveis. Mas o Opala mexeu comigo desde pequeno, quando, pela primeira vez, pude ver um bem de pertinho, um Comodoro 1978, que era de propriedade de uma amiga de minha irmã.

Linha 1971...

Gran Luxo, em 1971, no seu lançamento...


Um belo dia, deste mesmo ano de 1978, portanto, há 40 anos, ela apareceu no portão de minha vila, para buscar minha irmã para irem ao fã clube dos Beatles.



Linha SS, 1971...


Linha 1973...

E eu, claro, falou-se em Beatles, estava lá e, também, claro, para ver o Opala champagne (sim, as cores da GM sempre foram maravilhosas!)...


Linha 1974...

Linha 1975...

Linha Chateau, 1978, todo vinho...


Sem contar que, quando não tínhamos o que fazer, ou quando o vento estava parado (não dava para empinar quadrado), ficávamos na porta de minha vila, olhando a Av. Cabuçu (hoje, a Av. Dr. Antonio Maria de Laet, a mesma da estação Tucuruvi, do Metrô) e ficávamos brincando de “escolher carros”. Explico: Ganhava aquele que escolhesse o carro que passasse mais vezes, pela nossa visão. Só não valia escolher o Fusca, já que passava demais!!! Eu, claro, sempre escolhia o Opala!!!

Linha Diplomata 1980...

Então, minha paixão por este carro vem de longa data. Não é “modinha” de hoje, não.
Comprei meu primeiro Opala no ano de 2001, com o dinheiro que minha mãe guardou e/ou aplicou para cada filho dela, pensando que desse para comprar uma casa para cada um!!!

Com o seu desencarne, e o meu “desencane”, achei um anúncio no antigo jornal de anúncios “Primeiramão” e fui ver o carro, que se encontrava na estação Santa Cecília do Metrô...

Tratava-se de um Comodoro 1979/1980, que estava em razoável estado... Fomos eu e meu irmão Anselmo até lá negociar e (claro!) buscar o Opalão...

Meu primeiro Opala, Comodoro 79/80...



Fechado o negócio, pedi ao antigo proprietário que o trouxesse até o Tucuruvi, bairro onde morei durante 40 anos, de tanto medo e ansiedade  que tinha para dar “a primeira volta”.




Chegado em casa, não tive tempo de curti-lo, já que tive de voltar ao trabalho e, como se tratava de uma terça-feira, tive de esperar longos três dias para, finalmente, dar o primeiro rolê...

Bem, nem tenho palavras para descrever o momento em que o liguei e o tirei da garagem...

Tive muitas alegrias com este Opala... Quando eu o comprei, a sua pintura tinha os chamados “pés de galinha”, umas rachaduras na pintura que aparecem por conta de vernizes de baixa qualidade utilizados na finalização da pintura.

Não tive dúvidas: mandei tirar toda a pintura do carro, para começar do “zero”, da lata... e ele ficou sensacional!!!

Tinha câmbio automático de três velocidades, direção hidráulica, ar condicionado...

Fiquei com ele até o começo do ano de 2005, quando, um pouco antes, resolvi investir no meu sonho completo: ir atrás de um modelo dos anos 1970, mas dos primeiros modelos... um Gran Luxo.

Ói, nóis, aí, esperando para mais uma aventura!!!

Esta foto é na AABB, na Serra da Cantareira, em 2010...

Eu tinha preferência por este modelo, por se tratar de um modelo topo de linha da época (o Gran Luxo foi produzido de 1971 a 1974, depois deu lugar, no topo da linha, ao Comodoro, que, por sua vez, deu lugar ao Diplomata, em 1980).


Fotos no Centro Cultural, antigo local de trabalho.

À esta época, eu trabalhava no Museu Histórico de Guarulhos e, ao lado mesmo deste museu há uma biblioteca pública, onde, entre umas escapadas e outras, eu dava uma olhadela na “internet”, para ver alguns modelos à disposição.


Num destes dias, eu vi um Gran Luxo, 1971, na cor topázio dourado, todo judiado (por fora e por dentro), mas que valia a pena ir ver por conta do alto índice de originalidade, de frisos, etc... o problema é que ele estava a 450 km de São Paulo, mais precisamente na cidade de Matão.

Motorzinho é coisa de dentista!!!!

Fomos, eu e meu irmão Agnaldo, até Matão, de ônibus, para ver o carro. Nem preciso dizer que me apaixonei logo por ele e que fechamos negócio imediatamente. Isto numa terça-feira.

Marcamos, então, para quinta-feira, para eu ir buscá-lo. E fomos, eu e meu irmão, com uma maleta enorme de ferramentas nas mãos!!!


Estava um calor causticante (e hoje sei que faz muito calor aqui no interior!). Chegamos por volta do meio-dia e a mãe do rapaz, antigo proprietário dele, fez-nos almoçar em sua casa.


Barriga cheia e mente cheia de emoções, caímos na estrada. Mas havia um problema, que a maleta do meu irmão nada poderia ou pode fazer: os pneus, extremamente 
carecas.


De fato, o fato de eu estar encarnado nestes dias e escrevendo a vocês é porque devo estar, mesmo! Numa dessas estradinhas vicinais, que liga uma pequena cidade a outra, ou uma grande rodovia outra, fui fazer uma ultrapassagem de um caminhão e acelerei o Opala... quando faltavam ainda três eixos do caminhão a serem ultrapassados, o pneu traseiro esquerdo estoura e o Opala começa a jogar a traseira, para um lado e para outro.

Charme, requinte e sofisticação!!!

Quem tem Opala sabe o quanto a traseira dele é leve... e com o pneu estourado, então...

Meu irmão, que tem pele morena, ficou branco. Mas, com muita calma, contornei a situação e encostei o carro no matinho, ao lado da estrada (não tinha acostamento). Por sorte (sempre ela e meus Opalas!!!), não mais que dez metros à frente, encontrei uma borracharia e substitui o pneu estourado por outro, tão meia boca quanto aquele!!! E prosseguimos viagem!



Lindíssimo, por dentro e por fora!!!

Demos uma parada num posto de gasolina, perto de Jundiaí, para darmos um tempinho para o motor, e seguimos, rumo a São Paulo.

Ao chegarmos na marginal tietê, no entanto, quase chegando à saída da ponte da Vila Maria (eu ia deixar meu irmão em casa, antes de seguir para o Tucuruvi), a gasolina acaba, no meio do congestionamento! O ponteiro de gasolina não marcava... Depois, tive de trocar a boia do tanque... Deu o que fazer, para arrumá-la... Comprei uma boia usada lá no sambódromo, no encontro de carros antigos que é realizado todas as terças-feiras à noite (R$ 250,00 à época, uma fortuna!). O Opala ficou seis meses e meio parado na Oficina, esperando a boia!



Bem, o que fazer? Saímos do carro e o empurramos (a sorte é que eu estava na pista local!) até um posto de gasolina próximo (sempre a sorte!!!) e prosseguimos viagem!!!

Era o dia 20 de julho de 2005. Finalmente um Gran Luxo entrava na minha vila!!!

Este eu esperei apenas um dia para curti-lo melhor, já que se tratava de uma quinta-feira!

Comecei também todo um processo de restauro geral, porque ele merecia, e troquei quase tudo nele: freios, suspensão, pneus, amortecedores, tapeçaria... O único lugar em que não mexi foi no motor. O resto...

Participou ele de quatro casamentos: o primeiro foi o de minha prima, e viajamos de São Paulo até Pirassununga, para fazermos uma festinha por lá. Estava eu, meu irmão Agnaldo, junto com sua ex- esposa e seus filhos.

Enchemos o porta malas e o tanque e... pé na estrada!!!!

Paramos a cidade!!!

O próximo casamento foi o meu, na Serra da Cantareira, quando subimos a Serra com Opalão e minha esposa “entrou na igreja” (não casamos em uma, pois somos espíritas) de Opala!!!

Dia memorável, com nosso Opala participando...

O terceiro casamento foi novamente em Pirassununga, de meu primo, ocasião em que também levei a noiva da igreja até o buffet.

Já no quarto casamento foi uma verdadeira epopeia, já que o casamento de uma das minhas irmãs foi realizado num sítio (que até hoje não sei bem onde fica), perto do início da rodovia Anchietta. O Opala ficou absolutamente cheio de barro (e nós, também!), mas a noiva chegou “inteira”!!!

Um passeio em Pirassununga, no Casamento do Gino...

Foram muitas (fortes) emoções vividas com meu topázio dourado. Uma delas aconteceu no casamento de minha prima, no primeiro. Na volta, estávamos quase chegando a Jundiaí (de novo!) e, ao parar o carro no pedágio, o motor superaqueceu. Saí do pedágio e “joguei” o carro no acostamento (desta vez meu irmão não estava de maleta de ferramentas.... também não ia adiantar...).

Abri o capô e a água (ou o que restou dela) subiu... Sorte, novamente, porque estávamos perto do pedágio e, dali, chamamos o socorro... Veio um guincho, que nos levou (na plataforma) até um posto de gasolina mais próximo, para fazermos o reparo.

Aí, dá pra imaginar: uma ex - cunhada chata com duas crianças alegres e um irmão preocupado: a criançada curtiu pra caramba o caminho na plataforma, mas a ex – cunhada começou a ligar para Deus e o mundo para avisar (de quê?) à família do nosso “infortúnio” (do dela, só se for porque, como ela era muquirana, não aguentou quando meu irmão pagou a gasolina de volta e fez “bico”, andando de Opala de mau humor)...
Estávamos de Opala, meu amigo, e colocamos um aditivo (que mais parecia ovo) e algumas bananas no radiador e... Pronto! “novinho” para voltar pra casa!!!

Quando cheguei em casa, desliguei o motor e.... água para todo lado!!! No dia seguinte, mandei trocar o radiador!!!

Só deu problema pelo meu excesso de zelo, porque, quando o restaurei, os mecânicos lavaram o sistema de arrefecimento dele e limparam (literalmente) o radiador. Acabaram por tirar os pequenos pontos de crosta de ferrugem que ainda “seguravam” a onda...

O tempo passou.... Muita sorte daqui, um improviso de lá (mas nunca, nunca me deixou na mão) e aprofundei ainda mais o meu sonho: ter um Gran Luxo, na cor vinho, do ano em que nasci: 1974.


Lindo Gran Luxo vinho, 1974...


 Intensifiquei a procura e o encontrei na “internet”, mas haviam outros problemas: eu não tinha vendido o topázio dourado (e nem tinha intenção de fazê-lo) e o Gran Luxo vinho estava no Rio de Janeiro.

Mas não desanimei e fiz contato com o proprietário por telefone (não havia whatsapp) e decidimos, eu e minha esposa, viajar até o Rio de Janeiro para ver o carro (e comprá-lo).

Na época meu outro irmão, o Amarildo, estava morando em Niterói, por conta de contingências profissionais dele e de minha cunhada. Foi a “mão na roda”. Fomos até o Rio, ou melhor, até Niterói e marcamos para ver o carro, que se encontrava no bairro da Pavuna, no Rio.

Chegamos lá e realmente, o carro dos meus sonhos ali estava: Gran Luxo vinho, ano 1974.

Negociações daqui e dali e finalmente comprei-o.

Este demorou para vir para casa, porque havia o aniversário de um ano do filho de minha prima de Pirassununga no calendário (começo de novembro de 2011) e meu irmão viria para este aniversário. Então combinamos de eu ir até o Niterói para pegar o carro e vir com ele para São Paulo. Como nós compramos o Opala em outubro, ele ficou quase um mês no Rio, esperando para eu ir buscar...

Nem preciso dizer a emoção de dirigir um Opala, de Niterói até São Paulo... Ainda mais no carro dos meus sonhos... 140, 150, 160 km/h.... e nem senti a estrada, apenas no bolso, tendo que parar pelo menos duas vezes para reabastecer!!!

Mais um passeio em Pirassununga, na casa da minha tia...

A única coisa que não deu certo foi que minha esposa não estava comigo, pois estava trabalhando...

Chegamos em São Paulo e deixei, mais uma vez, o Opala na garagem da casa do meu irmão, porque na minha não cabia os dois Opalas... Ainda não sabia onde eu o deixaria e ele ficou um bom tempo por lá (Santana, Imirim, Santa Terezinha, acho que é num desses bairros que meu irmão mora).


Passado algum tempo, arrumei uma garagem para ele – a do Amauri. Enquanto isso, fui tentando vender o topázio, como o fiz, infelizmente, para então somente ficar com o vinho.

E ele veio comigo embora aqui para o interior, com o porta malas carregando parte da minha aparelhagem de som e discos.

Aliás, o dia em que fui conhecer meu novo local de trabalho, no Fórum de Leme, fui com ele e, claro, todos de lá não deixaram de comentar sobre o “novo funcionário e seu Opala placas pretas”.

Na época eu ainda morava em Pirassununga e também, no meu primeiro dia de trabalho no Fórum, fui de Opalão!!!

Mas realmente não ia dar para ir trabalhar de Opala todos os dias, pois eu teria de virar sócio da Shell ou da Petrobrás!!!

Foto de quando ele estava no Rio de Janeiro, com o outro dono...

Meu último Opala, um Comodoro, 1986/1987 foi, talvez, o mais judiado (por mim) de todos. Não que eu o “destruísse”, mas por não ter feito absolutamente nada de relevante para deixá-lo como ele merecia.

Lindo Comodoro, 1986/87...

Numa tarde de domingo, meio chuvosa aqui em Santa Cruz da Conceição, estava eu observando os Opalas na “internet” e acabei vendo o Comodoro, bem pertinho de mim, em Pirassununga. Não vacilei e entrei em contato com o proprietário e, em meia hora, estávamos em Pirassununga para ver o Comodoro.


Este eu comprei para ser meu carro de trabalho, mesmo: meu primeiro Opala 4 cilindros, motor a álcool, direção hidráulica, rodas ralinho, vidros e porta malas elétricos, etc.

Meu primeiro motor 4 cilindros... Os outros três eram 6 cilindros...

As famosas rodas ralinhos, item de série no Comodoro 1986...

Mas as necessidades de se ter um carro para trabalhar – 22 km, ida e volta do trabalho, todos os dias – e a falta efetiva de peças e de bons mecânicos para mexerem nele fizeram com que eu o vendesse, também.


Carro bem conservado, tudo funcionando perfeitamente...

Belo painel, que à noite fica iluminado de verde, claro!!!





Mas, apesar de ter ficado menos de ano com ele, trouxe-me boas recordações...

Nesses tempos difíceis de encontrar peças, acessórios, bons mecânicos e bons eletricistas aqui no interior, abandonei de vez os meus projetos de Opalas. Além dos preços altos de carros, na inversa proporção da qualidade: muito lixo, para muito dinheiro.

E você? Qual é o seu sonho de vida, digamos, material? Você já o(s) realizou?

Para sempre, Opala... Para sempre!!!!

PS: Íamos escrever sobre os 50 anos do Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968, mas, como isso nos traz péssimas lembranças resolvemos apenas pontuar no sentido de que, aqueles que não viveram sob uma ditadura (e eu minha família vivemos) jamais sequer pensem em querer viver sob uma, jamais idolatrem ditadores, jamais façam apologias nesse sentido e muito menos de quem as defendem, sob qualquer pretexto.

Estivéssemos nós, nos dias de hoje debaixo do AI-5 com certeza estaria eu aqui escrevendo receita de bolo para vocês lerem.

A grande noite de terror do dia 13 de dezembro de 1968, com cassações, prisões, banimentos e claro, torturas, é fato para não esquecermos, para que não se repita, sob nenhuma hipótese.

Muita, mas muita gente arriscou e deu a própria vida para que tivéssemos a liberdade (ainda que tacanha) que temos hoje.

Muita, mas muita gente pegou em armas para lutar contra a repressão, pois não havia canais de diálogo e participação política no país; não havia chance de quem era contra a ditadura levar uma vida normal, como os outros, com emprego, estudo, etc.;


Muita, mas muita gente foi torturada e morreu sob tortura - e já tinha sido, anterior ao AI-5; outras, sofrem as sequelas das torturas vividas nos porões da ditadura (porões, na sua maioria, mas também havia muita tortura a céu aberto), para nos dar a liberdade e a democracia.

Muitas, mas muitas famílias não sabem aonde estão seus familiares, porque a ditadura fazia os desaparecer - torturava, matava e sumia com os corpos. Não tiveram sequer o direito sagrado de velar seus familiares.

Muitos, mas muitos também que sofreram as torturas e/ou foram mortos não tinham nada a ver com o que estava acontecendo. Nem sequer sabiam o que estava acontecendo; nem sequer tiveram um julgamento.

O passado é uma lição para se meditar, e não para se repetir, já se disse. Porque nosso passado é sempre manchado dessa maneira, pois estamos em evolução espiritual.

Voltar ao passado é retrogradar na evolução. Idolatrar torturadores, ditadores, ou quem faz apologia a estes tais é ser como eles; é descer ao nível deles; é defender a tortura e a ditadura, e isso não é humano, para dizer o mínimo. É sinal inconteste de baixeza espiritual.

Bem, vamos parando por aqui, neste ano de 2018, e esperamos estar de volta em janeiro de 2019, para comemorarmos os 50 anos do show no telhado...

Já viram uma banda de rock subir em cima de um telhado e tocar, bem no centro de Londres, e tocar para todos ouvirem? Bem, esta banda existiu... este show, também...

Que Jesus continue a iluminar a todos vocês! Um ótimo 2019 para todos nós, cheio de realizações espirituais!!!

Saudações beatlemaníacas e Decacampeoníssimas!!!!






 
Nunca deixe de rir e sorrir!!! Até breve!!!