quarta-feira, 22 de agosto de 2012

OCUP-AÇÃO DO TEATRO NELSON RODRIGUES

Boa noite a todos,

Voltamos para trazer-lhes a OCUPAÇÃO do TEATRO NELSON RODRIGUES, em Guarulhos - SP, espaço que faz parte do meu local de trabalho.

O Teatro Nelson Rodrigues foi inaugurado por volta de 1981. Até a inauguração do Teatro Adamastor, no centro da referida cidade, O Teatro Nelson Rodrigues era a referência do palco guarulhense. Aos poucos, como sempre mandam os governantes, o Teatro foi ficando às moscas - não me refiro àquelas, que tomam lugar de outras, de mesma espécie, no vaivém das administrações públicas, na chamada "dança das cadeiras". Estas moscas, que se encontravam no Teatro gostam de disputar lugar de destaque com as traças, os ratos (lá tinha também!), as aranhas e suas temidas teias, etc.

OCUPADO!

De tanto mofar, o teatro perdeu a referência, parou no tempo e serviu, durante muito tempo, aos caprichos e sabores dos funcionários - para o bem ou para o mal - , que, ora se dispunham a "administrá-lo, ora usá-lo como instrumento de "glamour" e chiqueza, para exaltação do ego, do tipo: "você viu? Olha, eu trabalho no Teatro Nelson Rodrigues, viu? Como sou culto?", e outras "cositas mas", que não cabe aqui me referir...

A OCUPAÇÃO contou com a colaboração e cotização de muita gente. Dentre  elas, recebemos esfihas veganas desta galera aí em cima...

Saquem só o recado dos caras, que veio colado nas caixas...

Estive um bom tempo afastado do Centro Cultural, no qual o teatro está inserido, chamado "Centro Cultural João Cavalheiro Salém", que abriga, além do teatro, uma biblioteca (que precisa ser NACIONALMENTE DISCUTIDA), um museu (idem) e uma parte administrativa, que também cuida do PROGRAMA OFICINAS CULTURAIS, todos afetos à Secretaria de Cultura, do município já referido.

Cheguei por lá em meados de 2002, para trabalhar no Museu Histórico e, por ali fiquei, até ir prestar serviços à Justiça Eleitoral, por volta de 2006, onde fiquei até o final do ano passado. De volta, então, ao Centro Cultural, recebi a proposta para trabalhar com as Oficinas Culturais - Programa da referida Pasta, para levar, incentivar e despertar arte nas pessoas, bem como, consequentemente, estimular o autoconhecimento e a noção do ser social, com uma visão crítica da sociedade, criando instrumentos de transformação individual e social.
O teatro de portas abertas... O espaço público também...

Ideias convergindo, surgiu a necessidade de oferecer o ESPAÇO PÚBLICO para as pessoas - que são seus verdadeiros donos, ainda que não saibam. Surpreendi quando me deparei com o espaço totalmente aberto, sem aquelas grades horrorosas que o circundavam, impondo, ditatorialmente, toda a nossa "panca de donos-funcionários" a uma população sofrida e sem opções de lazer, cultura, educação, etc.

Com todo esse impulso, então, brotou a ideia de se OCUPAR aquele espaço, de oferecê-lo aos artistas da cidade, para que pudessem, através de sua arte, dialogar com a população, chamando-a a participar, tanto do processo artístico, como da utilização do espaço público, para que esta mesma população sentisse o espaço como seu, abrindo as portas à efetivação da troca de experiências, emoções, etc.

FOI O QUE ACONTECEU.


Tudo pronto, então, começamos, no dia 18 - sábado, às 18h, ininterruptamente até às 18h do domingo, encerrando-se às 18h.
O cortejo segue a sua sina...


Tudo o que se possa pensar em políticas públicas de inclusão social não chega aos pés do que fizemos, sem falsa modéstia. Contando com parquíssimos recursos - financeiros, logísticos, etc., bem como humanos, porque, se a própria população tem dificuldade de entender que o espaço público é dela, os servidores, por outro lado, tem dificuldade de entender, ao contrário, isto é, que O ESPAÇO PÚBLICO NÃO É DELES, a despeito da obrigação - moral e legal - de de zelar por este mesmo espaço. Haja vista a dificuldade de alguns entender o verdadeiro caráter desse tipo de ação social.
Vejam o grafite que a galera das Oficinas de grafite fizeram...

Quando as pessoas tem determinada coisa como delas ocorre como em suas próprias casas: elas zelam, cuidam, não deterioram. Esta é a grande solução para o fim da depredação dos espaços e monumentos públicos no Brasil. Estive em Paris e lá vi o quanto a população  - E O MONTE DE TURISTAS QUE LÁ CIRCULAM O ANO TODO - preserva e respeita, tanto as instituições públicas, quanto os monumentos, espaços públicos, etc., porque já se criou o hábito de "pertencer", de "ser", ao contrário dos nossos velhos hábitos de "ter".
O momento máximo: o cortejo de artistas e populares sobe as escadarias que dão acesso ao  teatro: OCUPAÇÃO INICIADA!

Gravado que está na memória dos que participaram da OCUPAÇÃO, bem como na HISTÓRIA DA CIDADE DE GUARULHOS, é o tipo mais ideal de socialização das pessoas, da arte, do bem público (que, assim deveria ser POR NATUREZA), do serviço público e das condições necessárias para o crescimento e desenvolvimento do ser social, que assim jamais se perderá no individualismo, no consumismo e nas criações de necessidades materiais, sustentáculos do sistema capitalista de produção, gerando uma nova atitude perante a vida dos que ali se congregarem.
O CORTEJO, que tomou conta do LAGO DOS PATOS (lago artificial, que fica defronte ao teatro, frequentado pelos moradores do bairro, em sua maioria de classe média alta) e "ARRASTOU" os boêmios frequentadores daquele espaço para o teatro...

Eu e a Marluce lá estivemos, claro, como voluntários e pudemos verificar o quão foi importante, para a cidade de Guarulhos,  a OCUPAÇÃO DO TEATRO NELSON RODRIGUES, e de todo o CENTRO CULTURAL. Inesquecível. Marluce, aliás, que trabalhou com UM BRAÇO SÓ!!!



Êta, ói nóis aí, preparando o caminhão, para buscar instrumentos no Conservatório da Prefeitura...


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